A justiça italiana deteve hoje 24 membros de uma rede de traficantes de pessoas que trazia imigrantes de África para a Europa do Norte, via Mediterrâneo e Sicília, informou a procuradoria de Palermo.
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Os traficantes organizaram pelo menos 15 viagens desde maio de 2014 e exigiam aos migrantes entre 1.500 e 2.000 dólares (1.395 e 1.860 euros), precisou a procuradoria.
Os migrantes, vindos sobretudo da Eritreia, Sudão e Somália, embarcavam perto de Zuwarah, na Líbia, com destino à ilha italiana da Sicília, adiantou à imprensa.
Segundo o relatório do inquérito da procuradoria de Palermo citado pelos media italianos, centenas de migrantes eram embarcados em navios em mau estado e os traficantes abandonavam-nos em alto mar depois de terem lançado pedidos de ajuda, contando com os serviços de salvamento italianos para os recolher.
Os traficantes organizavam toda a viagem, incluindo a fuga dos centros de acolhimento italianos, e recorriam a sistemas de pagamento sofisticados, como transferências de dinheiro através da Moneygram ou Western Union.
A rede funcionava como uma verdadeira agência de viagens, com apoios na Sicília e na Lombardia, organizando o transporte até Roma e Milão, geralmente de automóvel ou autocarro, e depois a viagem até ao destino final: Noruega, Suíça, França, Reino Unido ou Alemanha.
O grupo criminoso será dirigido pelo eritreu Medhanie Yehdego Mered e pelo etíope Ghermay Ermias. Os nomes dos dois apareceram no inquérito aberto depois do naufrágio de 03 de outubro de 2013 ao largo da ilha italiana de Lampedusa, que causou 366 mortos.
O ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Paolo Gentiloni, defendeu hoje "uma ação da União Europeia (UE) face aos traficantes de seres humanos" à chegada ao Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros europeus para discutir a última tragédia no Mediterrâneo no domingo quando mais de 700 migrantes morreram num naufrágio.