Populismo, muros e arame farpado: a "amizade" de Trump e Orbán chega hoje à Casa Branca
Donald Trump e Viktor Orbán reúnem-se esta segunda-feira em Washington para intensificarem a cooperação entre os dois países. Depois de vários anos a ser ignorado pela administração Obama, o primeiro-ministro húngaro consegue a aceitação americana.
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O encontro na Casa Branca vai reunir dois populistas que tentam restringir a entrada de imigrantes nos respetivos países. Orbán e Trump defendem a construção de muros e a instalação de arame farpado para travarem a imigração ilegal.
Em 2015, em plena crise de refugiados e migrantes, o primeiro-ministro húngaro construiu uma vedação de arame farpado na fronteira com a Sérvia e a Croácia. Desde 2017, quando assumiu funções, o Presidente norte-americano tem batalhado por financiamento para aumentar o muro que já existe na fronteira sul com o México.
Os dois líderes responsabilizam os imigrantes ilegais por muitos dos males que existem nos dois Estados. Trump diz que os que entram pelo sul do país sem documentos são animais, violadores, membros de gangues e terroristas. Já Orbán refere-se aos refugiados como invasores muçulmanos e classifica os migrantes como um veneno de que a Hungria não precisa.
Na lista de afinidades, os dois líderes partilham também uma aversão a uma imprensa livre e independente, e à União Europeia. As medidas de Orbán para consolidar o controlo da Justiça no país - para impedir a atuação das organizações não-governamentais que ajudam os imigrantes e para expulsar a Universidade Central Europeia (fundada por George Soros) - causaram profundas divergências com a União Europeia. O Fidesz, partido no poder, foi suspenso em março do PPE. Também Trump tem tido diversas divergências com a Europa, principalmente sobre o comércio.
A "amizade" entre Trump e Orbán surgiu ainda antes de o Presidente norte-americano ter sido eleito. Em 2016, o político húngaro elogiou Donald Trump, defendendo que as políticas de segurança que ele tinha apresentado para combater a imigração ilegal deviam ser adotadas pelos europeus. Louvou ainda o seu anúncio do fim do multilateralismo. Logo após assumir funções, a administração Trump retribuiu, convidando Orbán para visitar Washington.
Uma aliança política entre os dois nunca foi bem vista pelos ativistas dos Direitos Humanos e pelos defensores das instituições democráticas. Em setembro de 2016, o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al-Hussein, criticou duramente Trump e os políticos europeus de extrema-direita por criarem uma atmosfera de ódio, suscetível de causar violência.
A Casa Branca avançou que, na reunião desta segunda-feira, os dois líderes vão discutir formas de aprofundar a cooperação em áreas como o comércio, energia e segurança. A Hungria revelou recentemente que está interessada em concluir um acordo de armas com os Estados Unidos, e Trump quer diversificar os mercados onde se vendem munições norte-americanas.
Trump e Orbán vão aproveitar, também, para celebrar o 20º aniversário da Hungria como membro da NATO.