"Por enquanto." Putin diz que não planeia mais ataques "massivos" contra a Ucrânia
Putin também não prevê ampliar a mobilização parcial que anunciou há três semanas.
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O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou esta sexta-feira que não planeia mais ataques "massivos" contra à Ucrânia "por enquanto" e que o Kremlin não é destruir o país. "Não há necessidade agora de ataques maciços. Por enquanto", disse Putin aos jornalistas, citado pela AFP, à margem da cimeira regional no Cazaquistão.
Estas declarações acontecem no final de uma semana marcada por intensos bombardeamentos russos.
Nesta perspetiva, o líder do Kremlin assinalou que a Rússia está a fazer "tudo o que é necessário" na Ucrânia após oito meses de combates, e num momento em que as forças russas têm registado diversos reveses.
"Não é agradável o que atualmente se passa, mas [caso a Rússia não tivesse atacado a Ucrânia em 24 de fevereiro], estaríamos na mesma situação um pouco mais tarde, e com condições mais nefastas para nós", considerou.
Putin também frisou que não prevê ampliar a mobilização parcial que anunciou há três semanas para um envolvimento no conflito, apontando que até ao momento já foram recrutados 220.000 homens dos 300.000 previstos e que 16.000 já se encontram estacionados "em unidades envolvidas nos combates".
"Nada mais está previsto. Não foi recebida qualquer proposta do ministério da Defesa e não vejo necessidade num futuro previsível", declarou, antes de admitir o fim do processo de mobilização "dentro de duas semanas" e de reconhecer falhas no seu decurso.
"A linha da frente prolonga-se por 1.100 quilómetros, por isso é quase impossível mantê-la exclusivamente com tropas formadas por militares contratados", justificou o Presidente russo, quando o anúncio da mobilização implicou a fuga do país de milhares de russos.
Putin também disse estar aberto a negociações com Kiev e a mediações de países como a Turquia ou os Emirados Árabes Unidos, criticando a liderança ucraniana por recusar o início de conversações consigo.
Pelo contrário, o líder da Federação russa indicou que não tem interesse imediato em manter conversações com o seu homólogo norte-americano, Joe Biden, mesmo no quadro da cimeira da G20 prevista para novembro na Indonésia.
"Não vejo a necessidade, atualmente não existe plataforma de negociações", disse durante a conferência de imprensa.
"Devemos perguntar-lhe se está preparado, ou não, para manter essas negociações comigo", acrescentou ainda numa referência a Joe Biden, que em 06 de outubro afirmou não excluir um possível encontro com Vladimir Putin no decurso da cimeira do G20 em Bali.
Nas suas declarações, o chefe de Estado russo também reconheceu pela primeira vez que os parceiros de Moscovo na ex-URSS estão "preocupados" pelo conflito na Ucrânia.
Na passada segunda-feira a Rússia efetuou bombardeamentos massivos sobre diversas cidades ucranianas que danificaram infraestruturas elétricas e zonas residenciais. Estes ataques surgiram dois dias após a explosão na ponte russa da Crimeia, uma infraestrutura decisiva, que Putin atribuiu aos serviços secretos ucranianos.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,5 milhões para os países europeus --, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.