Na semana em que chega a Portugal um grupo de refugiados Eritreus, a TSF foi à procura de uma resposta e conversou com um elemento da organização Human Rights Watch.
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Os Eritreus são o terceiro maior grupo de refugiados a chegar à Europa. Enquanto com os sírios e os afegãos é fácil entender as causas, já na Eritreia é preciso olharmos para a história recente deste pequeno país no leste de África. Há 25 anos que o Governo e o Presidente são os mesmos e as violações dos direitos humanos são diárias.
Leslie Lefkow da organização Human Rights Watch explica que "as pessoas são submetidas a detenções arbitrárias, tortura e a julgamentos pouco isentos, isso quando há julgamentos. É por isso há graves violações graves dos Direitos Humanos".
Este é um país de partido único, onde a oposição foi totalmente apagada. Em 2001, aproveitando a publicação de uma carta pedindo mais reformas e respeito pelas pessoas, o regime deteve centenas dos que assinaram o documento. Muitos ainda hoje estão presos.
Há um outro problema que leva à fuga dos Eritreus do seu país de origem - o serviço militar obrigatório. Leslie Lefkow conta que a Eritreia tem uma política em que todas as pessoas com mais de 18 anos têm de cumprir pelo menos 18 meses de serviço militar nacional. Na prática, as pessoas acabam por servir durante anos, às vezes toda a vida e em situações miseráveis. É por isso que os jovens são os que mais fogem.
Até quarta-feira chegam a Portugal 38 refugiados, maioritariamente da Eritreia. Têm estado à espera provisoriamente a aguardar recolocação em centros de acolhimento de Itália, ponto de chegada privilegiado para Eritreus.
Estes refugiados chegam a Lisboa ao abrigo do Programa de Relocalização de Refugiados da União Europeia, acordado em setembro, e em que Portugal se disponibilizou para receber 4.486 refugiados no prazo de dois anos.
Segundo os últimos dados divulgados pela Comissão Europeia, de um total de 160 mil pessoas a recolocar durante dois anos, foram distribuídas 598, das quais 30 em Portugal.