Salazar considerava-o "um garoto" e ele queria acabar com as colónias portuguesas. Foi há 100 anos que nasceu John F. Kennedy, um dos mais populares presidentes norte-americanos de todos os tempos.
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Com 43 anos, John F. Kennedy foi o presidente mais jovem a ser eleito, em toda a história dos Estados Unidos da América.
John Fitzgerald Kennedy nasceu há um século, no dia 29 de maio de 1917, no seio de um família abastada do mundo da política.
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Queria ser jornalista, mas depois da morte do irmão mais velho, Joseph, a família concentrou em John todas as esperanças de uma grande carreira como presidente.
Um cargo que o iria fazer cruzar-se de perto com a história de Portugal nos curtos mil dias que passou na Casa Branca.
Em 1952, ainda como senador do Estado de Massuchessets, Kennedy levou ao congresso o "Azorean Refugee Act" ("O Ato dos Refugiados Açorianos"), a lei que abriu a entrada nos Estados Unidos a milhares de portugueses - depois da Erupção do Vulcão dos Capelinhos, na Ilha do Faial.
Tiago Moreira de Sá, investigador do Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova, explica que foi a questão colonial que se colocou entre Portugal e os Estados Unidos, com a subida de JFK à presidência.
"Tudo coincidiu com a emergência dos Países do Terceiro Mundo [ex-colónias]", explica o investigador. "O presidente Kennedy estava convencido que era muito importante atrair estes novos países para o lado norte-americano ou, pelo menos, fazer com que eles não se passassem para o lado soviético".
Era tempo de Guerra Fria, estava em causa um jogo de forças entre as duas maiores potências mundiais da altura, Estados Unidos da América e União Soviética.
Mas António de Oliveira Salazar, Presidente do Conselho de Ministros português, não estava disposto a abdicar dos territórios ultramarinos para nenhuma das duas.
"Salazar acreditava que o Kennedy estava empenhado em derrubar o Estado Novo e fazer uma mudança de regime em Portugal, por um lado, e por outro, que queria acabar com o império colonial português", afirma Tiago Moreira de Sá.
Mas Portugal tinha uma arma contra os Estados Unidos: a base das Lajes nos Açores, que servia de cinto de segurança para os americanos na Europa, desde a Segunda Guerra Mundial.