Essencial para a indústria europeia, para uns. Um clamoroso erro estratégico, para outros. O acordo de princípio de investimentos entre a União Europeia e a China, que é formalizado amanhã, marca o arranque da presidência portuguesa da UE.
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Arrancou esta terça-feira a presidência portuguesa do conselho da União Europeia. O início oficial foi no dia 1, mas só esta terça-feira acontece o primeiro encontro oficial, com a visita de Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, à sede da presidência portuguesa em Lisboa, o Centro Cultural de Belém.
Uma presidência marcada pela pandemia, ainda com muito por definir na agenda (encontros presenciais ou não), estando ainda por determinar, como afirmou à TSF esta tarde a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, se sempre se vai concretizar a visita do Colégio de Comissários da EU, prevista para dia 14.
A vacinação é neste momento a grande prioridade da presidência portuguesa, admite, em entrevista à TSF poucos minutos antes do arranque da presidência portuguesa, Ana Paula Zacarias: "Vai ser um dos grandes desafios porque neste momento está a vacina da Pfizer já em andamento em quase todos os estados-membros e esperamos que, em breve, a Comissão Europeia, através da Agência Europeia para o Medicamento, possa dar o seu aval à vacina da Moderna que virá seguramente dar força aos bancos de vacinação nacionais."
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O acordo de princípio com a china sobre investimentos, em negociação há sete anos e que é formalizado amanhã, pode ser um presente envenenado para a presidência portuguesa, pelo que pode representar em matéria de perturbação na relação com os EUA a quinze dias de tomada de posse da Administração Biden. Zacarias "espera bem que não, porque este é um acordo de investimentos, é importante para as empresas europeias, para se estabelecerem também na China. Vem regular uma área que há muito se via que era necessário ser regulada, e faz parte de um conjunto de grandes acordos" que a EU quer fazer, não só com a China, mas também com outras regiões, desde o que já existe com o Canadá, mas também o que "queremos completar com o Mercosul, e gostaríamos também que na base deste investimento com a China, pudéssemos vir a fazer um acordo similar com a China".
A governante portuguesa confia que não tenha havido precipitação europeia ao assinar um acordo estratégico comercial com o grande rival dos EUA, poucas semanas antes de entrar em funções um novo governo americano: "precisamos agora de tempo de fazer todo o processo de adoção deste acordo, o que dará tempo para dar continuidade às conversas com os nossos parceiros transatlânticos; é um tema que continuaremos a acompanhar e estou convencida de que deveremos encontrar neste acordo, vantagens para a indústria europeia, que se podem estabelecer de uma forma muito mais confiante na China, a partir de agora".
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António Costa recebe esta tarde o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, segue-se uma reunião de trabalho em que vão participar também o ministro dos negócios estrangeiros, Augusto santo Silva e a secretária de Estado Ana Paula Zacarias.
Depois segue-se uma visita ao Mosteiro dos Jerónimos, o local onde foi assinado o tratado de adesão de Portugal à comunidade europeia.
Este dia de arranque fica completo com o espetáculo inaugural da quarta presidência portuguesa da EU, que vai ser dirigido pela maestrina Joana Carneiro, no grande auditório do Centro Cultural de Belém.
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