Portugal quer obter maior consenso possível na UE para futuro reconhecimento da Palestina
Portugal tem uma posição de mediador na UE para esta questão, estando, por isso, "em consultas com vários Estados para alcançar o maior consenso", segundo fonte do MNE
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Portugal mantém a vontade de reconhecer a Palestina como Estado, mas está a tentar obter o maior consenso possível entre os membros da União Europeia (UE), disse esta quarta-feira à Lusa fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
"É só uma questão de momento", avançou a mesma fonte, lembrando que Portugal tem uma posição de mediador na UE para esta questão, estando, por isso, "em consultas com vários Estados para alcançar o maior consenso e trazer o maior número de países para a solução" de dois Estados: Israel e Palestina.
O ministério sublinhou ainda que a posição do Governo já foi avançada várias vezes pelo chefe da diplomacia portuguesa, Paulo Rangel, e segue a linha do executivo anterior.
Numa entrevista dada ao jornal espanhol El País no dia 12, Paulo Rangel avançou que o Governo português não ia juntar-se agora a Espanha para reconhecer a soberania do Estado da Palestina, explicando estar à espera "do momento mais oportuno para dar esse passo".
Embora tenha admitido que a posição portuguesa é semelhante à espanhola, afirmou não ser "exatamente a mesma" já que "há uma diferença temporal".
No final de 2023, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros João Gomes Cravinho disse à Lusa que o reconhecimento do Estado da Palestina por Portugal "é algo que deve acontecer", mas em coordenação com "alguns parceiros próximos" e num "momento com consequências para a paz".
O ex-ministro adiantou na mesma ocasião que "não iria haver um reconhecimento coletivo" da UE, já que "diferentes países têm diferentes posições".
A Espanha, a Irlanda e a Noruega anunciaram esta quarta-feira a decisão de reconhecer a independência da Palestina, o que deverá concretizar-se no dia 28 de maio.
A Eslovénia avançou, entretanto, que vai juntar-se ao reconhecimento do Estado palestiniano "nos próximos dias", segundo disse o primeiro-ministro, Robert Golob, referindo que irá reunir-se com homólogos dos países do bloco que ainda não reconheceram a Palestina.
Em março deste ano, num Conselho Europeu em Bruxelas, a Eslovénia declarou que estava pronta para reconhecer a Palestina numa declaração conjunta com Espanha, Malta e Irlanda.
O anúncio esta quarta-feira avançado por Espanha, Irlanda e Noruega foi saudado pelos dirigentes palestinianos e criticado pelo Governo israelita, que chamou os respetivos embaixadores nos três países.
A decisão foi anunciada no contexto do atual conflito entre Israel e o Hamas, iniciado em outubro de 2023, depois de um ataque perpetrado por comandos do grupo extremista palestiniano em solo israelita.
O Estado da Palestina já foi reconhecido unilateralmente por 137 dos 193 países-membros das Nações Unidas, de acordo com a Autoridade Nacional Palestiniana.