Pedro Oliveira explicou este passo de gigante e o que se pode mudar com esta descoberta.
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Várias empresas farmacêuticas já se mostraram interessadas em investir num medicamento que inibe uma bactéria multirresistente a antibióticos e em meios hospitalares. Na segunda-feira soube-se que uma equipa de cientistas dos EUA, liderada por um português, descobriu uma forma de enfraquecer e inibir essa bactéria em vez de combatê-la.
Em declarações à TSF, o cientista Pedro Oliveira, que vive há três anos em Nova Iorque, explicou este passo de gigante e o que se pode mudar com esta descoberta.
"A clostridioides difficile é uma bactéria que está naturalmente presente na flora intestinal de alguns adultos e crianças. Pode tornar-se virulenta, multiplicar-se e causar sintomas como extrema diarreia, febre e infeções graves", afirmou Pedro Oliveira.
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Só na Europa, todos os anos há cerca de 120 mil casos desta bactéria responsável por milhares de mortes.
"É uma bactéria que tem capacidade de subsistir em meio hospitalar exatamente porque é capaz de adquirir estes poros, que são células que são células mais resistentes e que resistem, por exemplo, nas superfícies das camas, dos lavabos, etc.", explicou o cientista português.
Com recurso a 36 doentes, a equipa de 10 cientistas liderada por Pedro Oliveira fez a sequenciação de ADN da bactéria e estudou as modificações químicas do material genético.
"O que verificámos é que se inibirmos a proteína que está associada a estas modificações químicas, a bactéria fica como que incapaz de formas estes tais esporos que são aquilo que realmente permite à bactéria subsistir muito bem em meio hospitalar", disse Pedro Oliveira.
Depois de inibir essa proteína, a bactéria ficou mais fraca e menos resistente. Uma descoberta que não fica por aqui, já que esta proteína está presente em muitas outras bactérias como a E.coli e a salmonela.
"Agora obviamente que tem de ser provado, mas há um forte indício de que realmente temos aqui portas abertas para poder mexer neste código acima do DNA e tentar enfraquecer e manipular a célula", acrescentou o cientista.
Até agora, a equipa já recebeu o contacto de várias farmacêuticas para trabalhar um inibidor que ajude a controlar estas bactérias.