Portugueses com ONU na República Centro-Africana prontos para "desempenhar missão".
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O primeiro-ministro, António Costa, considerou esta segunda-feira que os 160 militares portugueses em Bangui têm "em condições operacionais" para poderem "desempenhar plenamente a missão" ao serviço das Nações Unidas na República Centro-Africana.
O primeiro-ministro chegou no domingo à tarde à capital centro-africana, instalando-se no campo dos militares portugueses que participam na Missão Integrada Multidimensional de Estabilização das Nações Unidas na República Centro-Africana (MINUSCA), onde jantou, dormiu e tomou o pequeno-almoço, esta segunda-feira de manhã.
A maioria do contingente - composta por um total de 160 militares, dos quais 111 são dos Comandos - chegou a Bangui a 17 de janeiro e, nos próximos dias, deverá começar a desempenhar missões no terreno, após uma primeira fase de adaptação e preparação.
"Tivemos a oportunidade de estar com todos, de pernoitar nas suas instalações, de partilhar as refeições, de ver as condições em que estão aqui instalados e ver que estão em condições operacionais para poderem desempenhar plenamente a missão ao serviço das Nações Unidas", considerou o primeiro-ministro, acrescentando que "brevemente [as tropas portuguesas] entrarão em ação".
Acompanharam a visita de António Costa o ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes, e o chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, general Pina Monteiro.
Nesta deslocação de dois dias a Bangui, o primeiro-ministro português reuniu-se com o seu homólogo da República Centro-Africana, Simplice Mathieu Sarandji, que o esperou à chegada, no domingo, e esta segunda-feira o acompanhou na partida.
O chefe do Governo português teve também uma audiência, esta segunda-feira de manhã, com o Presidente centro-africano, Faustin Archange Touadera.
Durante a visita, António Costa reuniu-se ainda com o representante do secretário-geral das Nações Unidas para a República Centro-Africana, Parfait Onanga-Anyanga, e com o comandante da MINUSCA, Balla Keita.
"Todos manifestam uma grande expectativa e confiança no profissionalismo e no prestígio das nossas Forças Armadas, de todos aqueles que aqui servem", sublinhou António Costa.
A missão, referiu, integra elementos da Força Aérea, de várias unidades do Exército e tem "como coluna vertebral o regimento de Comandos, que, com notável profissionalismo, tem prestigiado as Forças Armadas e que, com esta missão, vai voltar a fazê-lo".
A operação da MINUSCA "tem o seu risco", sendo "de grande complexidade, porque não se trata de um cenário de guerra normal, mas de conflitos armados com vários bandos", comentou o primeiro-ministro.
"Com o profissionalismo, a motivação, a capacidade do seu comando e o enquadramento que têm na MINUSCA, temos todas as condições para desempenhar esta missão que honrará Portugal", insistiu.
Com esta participação, Portugal trabalha para a "estabilização de um país africano, contribuindo para que a paz e o desenvolvimento permitam combater na raiz esta vaga de fluxos refugiados, que só neste país [com menos de cinco milhões de habitantes] tem quase um quarto da população ou deslocada ou refugiada".
Por outro lado, o país cumpre "o dever de ser solidário com países amigos, como a França", que, na sequência dos atentados terroristas de Paris de novembro de 2015, pediram o apoio de outros Estados para poderem retirar as suas tropas da República Centro-Africana e enviá-las para o combate ao terrorismo.
Os governantes portugueses visitaram também o quartel-general da missão da União Europeia em Bangui, onde Portugal tem 11 militares, e encontraram-se com o seu comandante, Herman Ruys.
A República Centro-Africana (RCA), um dos países mais pobres do mundo, mas com muitos recursos, vive um conflito desde que, em 2013, o então Presidente, François Bozizé, foi deposto pelos rebeldes do grupo extremista Seleka, que se confrontaram com as milícias anti-Balaka, maioritariamente cristãs.
A instabilidade já causou milhares de mortos, apesar de não haver números fiáveis, e obrigou cerca de um milhão de pessoas a abandonar os seus lares.
A intervenção das Nações Unidas e da França permitiu acabar com os massacres, eleger um novo Presidente e o regresso de uma calma relativa à capital, Bangui.
No entanto, grupos armados mantêm um clima de insegurança permanente em várias regiões do país.