Na antecipação ao discurso do estado da União Europeia, a TSF ouviu eurodeputados portugueses: refugiados e migrações são temas sempre presentes. PCP e Bloco acusam o presidente da Comissão de não se preocupar com aquilo que realmente afeta os cidadãos europeus.
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O que é que gostaria de ouvir ao presidente da Comissão Europeia Jean Claude Juncker, no último discurso do Estado da União Europeia, o último que político luxemburguês faz antes do fim do seu mandato? A TSF fez a pergunta a sete eurodeputados portugueses em Estrasburgo.
Para Carlos Zorrinho (PS), é necessário um discurso menos "de balanço e mais virado para o futuro". O eurodeputado socialista espera "um discurso que ajude aqueles que querem aprofundar o projeto é um discurso que ajude a enfraquecer os populistas que o querem destruir".
O social-democrata Paulo Rangel elege dois temas "que são incontornáveis: as migrações" e uma medida que parece estar adormecida mas que o eurodeputado do PSD considera "essencial para Portugal: a reforma da zona euro". Já Nuno Melo do CDS, além da crise das migrações, destaca a necessidade de o presidente da Comissão não passar ao lado da questão da "ascensão dos extremismos de direita, mas também de esquerda", além de referir o terrorismo e o Brexit.
À esquerda, sente-se ceticismo em relação ao que possa sair de relevante do discurso de Juncker. Para o comunista João Ferreira, "estes discursos são exercícios de propaganda muito distante do que é a realidade dos povos dos estados-membros". Falta trazer para o debate os problemas que esses povos enfrentam, ideia também partilhada pela bloquista Marisa Matias, que acusa Juncker de falar de uma "UE imaginária", em vez de "um quarto da população Europeia em risco de pobreza, uns quinze por cento que têm contratos precários, das dez mil pessoas que já morreram no Mediterrâneo desde 2015". A deputada eleita pelo Bloco de Esquerda diz que a UE se prepara para gastar 50 mil milhões de euros "num não problema, numa não crise", numa referência à anunciada criação de uma polícia Europeia de fronteiras para conter as migrações.
Eurodeputados por partidos sem representação no parlamento nacional, José Inácio Faria (MPT) e Marinho Pinto (PDR), também ouvidos pela TSF, esperam que o discurso do estado da União traga ambição, audácia, inovação. Faria destaca a questão dos refugiados, o ex-bastonário dos advogados defende que "a Europa deve ter para África uma atitude dinamizadora do desenvolvimento". Um Plano Marshall para África? "Exatamente".
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É o último discurso de estafo da união com Juncker ao leme da Comissão Europeia, num navio político que enfrenta mares tempestuosos e fortes ventos populistas que sopram de Leste. Em maio do próximo ano, há eleições para o Parlamento Europeu.