Prazo de 30 dias. EUA ameaçam Israel com embargo de armas caso não se resolva crise humanitária na Faixa de Gaza
Israel terá recebido uma carta da Administração Biden que pede o cumprimento do compromisso de "permitir e não impedir a transferência de ajuda humanitária"
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Os EUA ameaçaram Israel com um embargo de armas ao país, caso a crise humanitária em Gaza não seja resolvida nos próximos 30 dias, avançou o N12 esta terça-feira.
A Casa Branca terá manifestado profunda preocupação com a “deterioração da situação humanitária em Gaza nas últimas semanas” e apelou para a adoção de medidas urgentes no próximo mês para inverter esta situação.
A Administração Biden terá enviado uma carta que pede que Israel cumpra o seu compromisso de "de permitir e não impedir a transferência de ajuda humanitária".
O documento, que estabelece um prazo de 30 dias para que Israel regularize a situação, terá sido enviado ao ministro israelita dos Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, e ao ministro israelita da Defesa, Yoav Gallant.
Nesse sentido, Blinken e Austin exigiram "uma ação urgente e sustentada" para inverter a situação e avisaram que os Departamentos de Estado e de Defesa dos EUA, ao abrigo da legislação norte-americana, "devem avaliar continuamente" o cumprimento por parte de Israel das garantias dadas no início do ano de que não restringiria a ajuda humanitária.
"Israel deve autorizar a entrada de pelo menos 350 camiões por dia em Gaza através dos quatro principais pontos de passagem, abrir um quinto ponto de passagem e implementar pausas humanitárias em Gaza durante o próximo mês, conforme necessário", afirmam os dois governantes norte-americanos.
Israel, prosseguem, deve também tomar medidas para garantir que os corredores das forças armadas jordanas funcionem "em plena e contínua capacidade".
Blinken e Austin disseram estar também "preocupados" com as recentes ações do Governo israelita, incluindo a suspensão das importações comerciais e a negação ou impedimento de quase 90% do movimento humanitário entre o norte e o sul de Gaza em setembro e a imposição de novos controlos e requisitos aduaneiros.
A missiva, assinada pelo chefe da diplomacia dos Estados Unidos da América (EUA), Antony Blinken, e pelo secretário da Defesa, Lloyd Austin, foi enviada no domingo às autoridades israelitas, mas só foi publicada esta terça-feira por vários meios de comunicação social norte-americanos.
Segundo a data em que a carta é assinada, domingo, dia 13, a administração liderada pelo Presidente Joe Biden insta as autoridades israelitas a inverterem a situação humanitária na Faixa de Gaza dentro de um prazo que culminará pouco depois das eleições presidenciais norte-americanas de 5 de novembro.
As Nações Unidas denunciaram também esta terça-feira que a população da Faixa de Gaza está a enfrentar as piores restrições à ajuda humanitária desde o início da guerra, há um ano, e manifestaram especial preocupação com o impacto devastador nas crianças.
Segundo James Elder, porta-voz da agência das Nações Unidas para a infância (Unicef), "em agosto, a quantidade de ajuda humanitária entregue na Faixa de Gaza foi a mais baixa de um mês desde o início da guerra".
O norte da Faixa de Gaza "não recebeu alimentos nem ajuda alimentar durante todo o mês de outubro", lamentou.
A Organização Internacional da Francofonia também já tinha aprovado, por unanimidade, um pedido formal de cessar-fogo "imediato e duradouro" no Líbano, com o Presidente francês a criticar quem vende armas a Israel.
"Se pedimos um cessar-fogo (em Gaza e no Líbano) é coerente não dar armas a Israel. Penso que aqueles que as fornecem não podem apelar todos os dias a um cessar-fogo como nós, mas ao mesmo tempo fornecer armas", disse Macron.
Nos últimos dias, Israel intensificou as suas operações no norte do território palestiniano, onde centenas de milhares de pessoas estão encurraladas, segundo as Nações Unidas.
A falta de ajuda humanitária, combinada com os ataques incessantes pelas forças israelitas e o facto de cerca de 85% da Faixa de Gaza ter sido evacuada de uma forma ou de outra, tornou o território "totalmente inabitável".