Prémio Sakharov distingue jornalistas "violentamente reprimidos", numa altura em que Portugal também vive "tempos adversos"
Os jornalistas bielorrusso Andrzej Poczobut e a georgiana Mzia Amaglobeli são os premiados deste ano
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O porta-voz da Amnistia Internacional em Portugal, Miguel Marujo, defende ser fundamental que o prémio Sakharov "aponte os holofotes para as situações de violação de direitos humanos" e destaca que Portugal também atravessa "tempos adversos".
Por contribuírem para a defesa da liberdade de pensamento, dois jornalistas foram distinguidos este ano - o bielorrusso Andrzej Poczobut e a georgiana Mzia Amaglobeli.
Os premiados estão, contudo, atualmente presos. O bielorrusso por "exercer o direito à liberdade de expressão e criticar publicamente o regime de Lukashenko", e a georgiana devido aos "protestos pró-europeus no final do ano passado", que foram "reprimidos violentamente pelas autoridades com relatos de maus tratos a manifestantes", explica Miguel Marujo, em declarações à TSF.
A entrega deste prémio poderá ser uma boa oportunidade, considera, para que as autoridades locais "libertem estes dois jornalistas" ou, pelo menos, melhorem as condições de detenção, nomeadamente através de cuidados médicos. Para Miguel Marujo, as situações de Andrzej Poczobut e Mzia Amaglobeli são idênticas, uma vez que as autoridades de ambos os países "têm feito ouvidos moucos às acusações de violações dos direitos humanos".
O jornalista bielorrusso está preso desde 2021 e cumpre uma pena de oito anos em confinamento solitário sem direito a tratamento médico ou visitas, de acordo com a família. A jornalista georgiana foi detida este ano e condenada a uma pena de dois anos de prisão efetiva.
O porta-voz da Amnistia Internacional acredita que este prémio é atribuído numa altura em que também se sentem "tempos adversos em Portugal". Neste sentido, Miguel Marujo reitera que é importante "continuar a valorizar este bem maior, os direitos humanos", e que também em Portugal se deve destacar "os valores assentes na liberdade de expressão e manifestação".
A entrega do prémio Sakharov vai ser feita no dia 16 de dezembro, durante a sessão plenária de Estrasburgo, a última de 2025.
