A suspensão do único partido pró-curdo no parlamento de Ancara, decidida pelo Tribunal Constitucional da Turquia, viola os direitos dos curdos. A presidência sueca lembrou a Turquia que a ilegalização de um partido é uma medida excepcional que deve ser usada com a máxima prudência e considerou que estão a ser postos em causa os esforços de pacificação.
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Os 11 juízes do Tribunal Constitucional da Turquia decidiram por unanimidade que o Partido para uma Sociedade Democrática se transformou num foco de actividades contra a unidade do Estado, do país e da nação.
O tribunal alega que o principal partido pró-curdo tem ligações à guerrilha, numa referência ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão, o PKK e por isso segue o caminho de outros partidos dissolvidos no passado sob a mesma acusação. Desde 1968, a Turquia já encerrou 27 partidos.
Em conferência de imprensa, o juiz presidente Hasim Kiliç anunciou que também foi decidido retirar a imunidade parlamentar aos dois dirigentes do movimento, que à semelhança de outros 35 dirigentes ficam proibidos de exercer actividades políticas durante cinco anos. Os bens do partido foram também apreendidos.
O partido pró-curdo dispõe de 21 lugares no Parlamento de Ancara e os dirigentes já anunciaram que vão abdicar dos mandatos, recusando permanecer no plenário como independentes.
Esta decisão do Tribunal ameaça a recente iniciativa de Ancara de reconhecer os direitos da minoria curda e de trazer para o sistema político os líderes pró-curdos.
Uma decisão que pode também aumentar a tensão com esta minoria que representa 20 por cento da população da Turquia, ou seja, 70 milhões de pessoas.