Devido à guerra na Ucrânia a campanha nunca chegou a arrancar completamente. Uma semana antes da primeira volta, 12 candidatos ao Eliseu tentaram convencer os últimos indecisos.
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A faltar uma semana para as eleições presidenciais de 2022, decorreram os últimos comícios dos 12 candidatos, que tentam convencer os últimos indecisos. As sondagens apontam para um déjà vu de 2017, um duelo entre Emmanuel Macron e Marine Le Pen. A guerra na Ucrânia abalou a campanha, que nunca chegou a arrancar completamente. A abstenção pode atingir os 30%.
Na corrida final nas eleições presidenciais, o grande desafio para os 12 candidatos ao Eliseu: mobilizar os eleitores e convencer os indecisos. De Paris, Marselha a Toulouse, os candidatos às presidenciais tentaram convencer os últimos indecisos, na última semana antes da primeira volta das presidenciais de domingo.
O presidente cessante teve duas horas para convencer durante o único comício na Arena de La Défense, perto de Paris, no sábado. "E um, e dois, e mais cinco anos", "presidente Macron", cantaram os cerca de 35 mil apoiantes.
Emmanuel Macron pediu a unidade do país perante o "perigo extremista".
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"As escolhas de abril são simples. Querem uma França de paridade, ecologia e progresso? Então ajudem-nos e juntem-se a nós", apelou o atual chefe de Estado e candidato a um segundo mandato.
Distanciados nas sondagens, Jean-Luc Mélenchon e Valérie Pécresse reuniram os apoiantes este domingo, em Toulouse e em Paris. A subir nas sondagens, o líder da França Insubmissa espera passar para a segunda volta, mas tem pela frente Marine Le Pen.
Jean-Luc Mélenchon apontou as fragilidades de Le Pen e Macron e difamou o discurso de Emmanuel Macron. "Ele disse que o poder de compra aumentou de forma histórica, isso é errado, o primeiro trimestre de 2022 é o recorde de declínio do poder de compra em 10 anos. (...) Quanto à senhora Le Pen, ela disse não, evidentemente, prova de que ela não pensou na realidade orçamental quanto às reformas, claro que são detalhes técnicos, mas fiz questão de falar disto para fazer troça dela", afirmou.
Marine Le Pen parece mais determinada do que nunca em repetir os resultados da primeira volta de 2017, mas quer agora vencer.
A candidata d"Os republicanos Valérie Pécresse não quer "abrir mão de nada" e batalha para chegar aos 10% e espera ficar à frente de Éric Zemmour. "Prometo baixar de 25 cêntimos cada litro de combustível porque a inflação aumenta as receitas do Estado", declarou.
No último comício da candidata socialista, Anne Hidalgo dirigiu-se aos jovens e apelou os eleitores a votarem. "Juntos podemos desmentir estas sondagens parciais e os seus comentários. (Assobios dos apoiastes). Não vamos assobiar, vamos votar!", pediu a também presidente da câmara de Paris.
As corridas finais não devem mudar o cenário antecipado pelos institutos de sondagens. Esta campanha eleitoral teve dificuldades em arrancar e ficou marcada pela guerra na Ucrânia. A final das presidenciais caminha em direção do resultado das últimas eleições de 2017: um duelo entre Emmanuel Macron e Marine Le Pen.
"As dinâmicas de fim de campanha tendem a indicar um duelo Macron-Le Pen, tão temido nos últimos cinco anos pela maioria. Muitos eleitores vão escolher muito tarde em quem votar, os equilíbrios actuais não devem mudar muitos", analisa a politóloga francesa Chloé Morin.
Ao longo de uma "não-campanha", na qual preferiu conservar o estatuto de Presidente, Emmanuel Macron partiu largamente favorito, mas apesar disto muitas dúvidas instalaram-se no seu campo, temendo uma falta de mobilização dos seus eleitores. Assistimos a uma "cristalização" das atenções de voto dos franceses, a garantia de passar à segunda volta confirma-se, bem como a aproximação da candidata da União Nacional, Marine Le Pen.
"Para Emmanuel Macron, é o oposto do que aconteceu na sua campanha de 2017. Ele não explicou o motivo que o leva a querer um segundo mandato. Caso seja reeleito, Macron corre o risco de não ter um mandato claro", explica o investigador no Cevipof Bruno Cautrès. Por outro lado, Marine Le Pen consolida o seu segundo lugar, sondagem após sondagem. Superou a candidatura de Eric Zemmour e, acima de tudo, ao apostar na defesa do poder de compra, a candidata da União Nacional conseguiu, ao contrário do candidato da Reconquista!, não sair prejudicada pela guerra na Ucrânia, esquecendo a sua proximidade com Vladimir Putin.
Fica ainda uma grande incógnita, a da participação. A faltar uma semana para as eleições, as sondagens antecipam uma abstenção significativa, próxima dos 30%, que se deve aproximar dos resultados de 2002 (28,4%), enquanto as presidenciais de 2017 atingiram 22% de abstenção. Entre os "coletes amarelos", a pandemia de Covid e a guerra na Ucrânia, a sucessão de crises explica algumas dúvidas dos eleitores quanto às capacidades dos representantes políticos em enfrentar essas crises.