Pere Aragonès vai à Câmara Alta defender a solução para o conflito catalão. Ninguém do Governo vai estar presente na sessão convocada pelo PP.
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A lei da amnistia ainda não existe nem como projeto, mas é o centro da política espanhola desde que a investidura do líder do Partido Popular (PP), Alberto Núñez Feijóo, falhou. Esta quinta-feira, o PP convocou a Comissão Geral das Comunidades Autónomas no Senado para censurar a medida.
O Governo já fez saber que ninguém do Executivo estará presente na sessão, e o PSOE também avisou que nenhum dos presidentes das Comunidades Autónomas socialistas - Asturias, Castilla La Mancha e Navarra - vai participar. Quem vai estar presente é o presidente da Generalitat da Catalunha, Pere Aragonès, que disse querer defender "os grandes consensos" da sociedade catalã "contra a direita reacionária".
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Previsivelmente, o discurso de Aragonès vai abordar não só a amnistia mas também o referendo de autodeterminação, ainda que o PSOE tenha garantido por diversas vezes que o referendo não está em cima da mesa de negociações.
"O Governo da Catalunha nunca vai deixar um espaço vazio onde puder defender a resolução do conflito político entre a Catalunha e o Estado espanhol e o consenso da sociedade catalã à volta de uma questão tão fundamental como o fim da repressão", explicou a porta-voz da Generalitat, Patricia Platja. "Não vamos deixar nas mãos do Partido Popular um debate sobre a amnistia quando eles foram, são e serão sempre um dos principais promotores da repressão política contra o independentismo".
O PP tem aproveitado a maioria de que dispõe no Senado para fazer oposição à lei que poderá levar Pedro Sánchez à presidência do Governo. Os votos dos independentistas catalães são essenciais para a investidura do socialista, que já fez saber que está a trabalhar numa proposta de lei que "facilite a convivência" na Catalunha e amnistie os envolvidos no processo independentista catalão de 2017, mas não adiantou pormenores. As negociações têm decorrido com muita discrição, e o PSOE não está disposto a alimentar a discussão num ambiente liderado pelo PP.
Na terça-feira. Isabel Rodríguez, porta-voz do Governo e ministra de Política Territorial, disse que esta Comissão do Senado é "muito importante para tratar de temas que afetem de forma real as Comunidades autónomas, como os serviços públicos", mas que essa não é a motivação do PP, que "está entregue a uma só causa: a crispação". Na opinião do Executivo os populares estão a "usar o Senado" para o efeito, e, por isso, "o Governo não vai participar na sessão".
Pere Aragonès será o primeiro a intervir na sessão. "O presidente vai fazer uma defesa da amnistia e da autodeterminação como mecanismo de solução para o conflito político", explicou a assessora da Presidência, Laura Vilagrà.
Com este movimento, Pere Aragonès recupera também algum protagonismo para o seu partido, Esquerda Republicana, que tinha ficado eclipsado nos últimos meses. A atenção esteve centrada no Junts per Catalunya, partido do foragido Carles Puigdemont, que votou contra a investidura de Sánchez na legislatura passada e cujos votos são decisivos desta vez.