Setenta por cento dos autarcas dizem já ter sido vítimas de violência física ou verbal.
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O Presidente francês, Emmanuel Macron, recebe esta quarta-feira mil autarcas no Palácio do Eliseu: em causa, o aumento exponencial da violência física e psicológica contra os autarcas, em França.
Os autarcas franceses têm encontro marcado com o Presidente da República, Emmanuel Macron, no Eliseu, esta quarta-feira.
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Emmanuel Macron quer "agradecer o sentido de compromisso", numa altura em que estudos da Sciences Po revelam que o número de agressões verbais e físicas contra autarcas nunca esteve tão elevado.
Este tipo de violência aumentou cerca de 15% em 2023. Setenta por cento dos autarcas dizem já ter sido vítimas de violência física ou verbal.
"Nas últimas décadas, assistimos a um desvio da autoridade. Isto é visível em relação aos professores, em relação à polícia e também em relação aos autarcas que estão na linha de frente, que são um pouco como 'os fusíveis' do governo", descreve o presidente da câmara de Nonancourt, Jean-Loup Justeau.
Na semana passada, Christophe Viaud, autarca do departamento de Vienne, foi ameaçado na rua por um cidadão e descreve o que aconteceu: "Fiquei com muito medo, senti que ele ia mesmo atacar-me, que não ia ficar pelas ameaças. Disse-me coisas como, 'vou partir-te a cara'."
Christophe Viaud considera que os autarcas não estão preparados para este tipo de violência. "Não estamos preparados para isto; se fomos eleitos, não é para nos protegermos contra a raiva ou a violência dos outros. Se estamos aqui e se eu estou neste cargo, há vários anos, é para lutar, sim, mas para lutar em questões que nos permitam trazer novos serviços ao concelho ou ao território", defende.
O autarca apresentou queixa e o cidadão está sob custódia da polícia. Os residentes do concelho estão em choque.
"Acho que existem outras formas de expressar o descontentamento. Acho que estamos a viver um período demasiado violento", afirma um habitante.
O Eliseu comunicou à imprensa que o discurso de Emmanuel Macron junto dos autarcas "vai ser uma oportunidade para realçar as dificuldades das ações políticas no terreno e as medidas que o estado está a pôr em prática para enfrentar esta onda de violência".
Até agora, foi registado um aumento de 30% de demissões de autarcas em comparação com o primeiro mandato de Emmanuel Macron.