O presidente sírio, Bashar al-Assad, afirmou hoje que um aumento da presença militar da Rússia nos portos da Síria traria maior estabilidade à região, numa entrevista a meios de comunicação social russos.
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«Qualquer aumento da presença russa no leste do mar Mediterrâneo e nas costas e portos sírios», incluindo no porto de Tartus, seria bem recebida, disse Al-Assad. «Para nós, um aumento da presença (russa) na nossa vizinhança (significa) maior estabilidade nesta região», sublinhou.
A Rússia tem uma base naval em Tartus, na costa oeste da Síria, onde mantém navios de guerra, aquartelamentos e arsenais. Criada ao abrigo de um acordo de segurança, assinado em 1971, Moscovo considera a presença em Tartus «um ponto de apoio técnico e de abastecimento para a marinha russa».
Al-Assad disse aos jornalistas de oito canais noticiosos que o apoio militar russo à Síria «tem continuado» ao longo dos últimos quatro anos de guerra civil no país. O chefe de Estado sírio também se congratulou com a decisão russa de receber uma segunda ronda de negociações de paz, mas sublinhou que os participantes não devem ser influenciados por elementos externos.
A Coligação Nacional, oposição apoiada pelo Ocidente que defende o afastamento de Al-Assad do poder, anunciou já que vai boicotar as negociações, marcadas para 6 a 9 de abril «Para o êxito destas conversações, as partes devem ser independentes e refletir aquilo que o povo sírio quer, apesar de todas as posições políticas divergentes», declarou.
«Atualmente, as pessoas não aceitam que o futuro seja decidido do exterior (...) uma solução para a crise síria não é impossível, se o povo sírio se sentar e negociar, teremos resultados», sublinhou.
Os países ocidentais, como os Estados Unidos, a França e o Reino Unido, «não querem uma solução política» na Síria. «Para eles, uma solução política significa mudar o Estado, a queda do Estado e substitui-lo por um Estado que trabalhe para eles», declarou al-Assad.
Mais de 215 mil pessoas morreram desde que a guerra civil na Síria começou em 2011, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, uma organização não-governamental com sede em Londres.