O Brasil na era Bolsonaro, a crise profunda na Venezuela, a caravana de migrantes da América Central. São os temas que vão marcar as conversas entre líderes ibero-americanos na Guatemala, numa cimeira onde não há mulheres estadistas.
Corpo do artigo
É uma cimeira num tempo de viragem latino-americana à direita, com os países ibéricos nesta altura com governos à esquerda. Uma cimeira sem lideranças femininas e com ausências de peso.
Marcelo Rebelo de Sousa não vai ver, na cidade colonial de Antíqua, líderes como o venezuelano Nicolas Maduro - caso se confirme a ausência, vai ser substituído por Delcy Rodriguez. É uma das quatro vice-presidentes mulheres que vão estar na cimeira em representação do chefe de Estado ou de Governo. Para além da venezuelana, também vão estar as vices da Argentina (Maurício Macr não vai), do Panamá e do Uruguai. É a primeira cimeira ibero-americana sem líderes mulheres.
Marca presença Daniel Ortega, o histórico sandinista que reconquistou a Nicarágua pelos votos, mas que pela força tem abafado os protestos da oposição. Vai ter de enfrentar manifestações da diáspora e de guatemaltecos que conhecem bem a realidade nicaraguense.
Numa cimeira em que os líderes vão fazer o ponto da situação quanto ao cumprimento dos objetivos de desenvolvimento sustentável - ou seja, a Agenda 2030 das Nações Unidas -, é inevitável que o debate passe pelas questões do financiamento dessa mesma agenda, tal como formas para reduzir as desigualdades económicas e sociais na região.
Os movimentos migratórios vão também marcar o debate, numa altura em que a crise humanitária já levou três milhões de venezuelanos a abandonarem o país e há milhares de pessoas da América Central a subir o continente, rumo à América desejada.
A declaração final de Antigua há-de dar conta da solidariedade para com os migrantes e da criação de mecanismos de receção nos diferentes países mais atingidos pelos fluxos, nomeadamente o Brasil na região do Roraima, e o México em Tijuana.