Arlene Foster tenciona abandonar o cargo de chefia do Governo no final de junho.
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A primeira-ministra da Irlanda do Norte, Arlene Foster, anunciou esta quarta-feira que pediu a demissão do cargo através de um comunicado divulgado pelo Partido Unionista Democrático (DUP), do qual também é líder.
"Há pouco liguei ao presidente do partido para o informar de que tenciono abandonar os cargos de líder do Partido Democrático Unionista no dia 28 de maio e de primeira-ministra da Irlanda do Norte no final de junho", lê-se no documento divulgado às 16h (hora de Lisboa).
"Servir o povo da Irlanda do Norte como primeira-ministra e representar o meu círculo eleitoral de Fermanagh/South Tyrone foi o privilégio da minha vida", garantiu também a governante de 50 anos.
Na mesma comunicação, a líder demissionária do DUP alerta que é "importante dar espaço para que, durante as próximas semanas, as chefias do partido possam tomar providências para a eleição de um novo líder". Quando for eleito, "trabalharei com o novo líder nos preparativos para a transição", garante.
A demissão de Foster acontece num momento de tensão com unionistas. No início deste mês, a Irlanda do Norte foi palco, durante mais de uma semana, de tumultos que resultaram em pelo menos 88 polícias feridos, fruto do desgaste dos unionistas pró-Reino Unido com os acordos do pós-Brexit.
Foster demitiu-se depois de divulgar que 75% dos membros do DUP assinaram uma carta em que apelavam a novas eleições internas.
Os meios de comunicação locais relataram episódios de descontentamento por Foster ter decidido enviar um membro do DUP a uma reunião com funcionários irlandeses, apesar da crença generalizada no partido de que cimeiras como essa devem ser boicotadas. A incompatibilização com alguns apoiantes ganhou também dimensão depois da recente abstenção numa votação sobre a terapia de conversão gay.
O DUP é o maior partido da comunidade unionista na Irlanda do Norte, onde as tensões sobre um "protocolo" pós-Brexit têm vindo a aumentar.
Os novos acordos, que entraram em vigor em Janeiro, mantêm o território dentro da região aduaneira europeia e do mercado único, com novos pontos de controlo nos portos da Irlanda do Norte, mas muitos dos unionistas mais radicais defendem que estes acordos estão a deturpar a posição da Irlanda do Norte no Reino Unido, aumentando a probabilidade da sua adesão à República da Irlanda.