Realiza-se hoje o primeiro casamento homossexual em França, em Montpellier. Uma união sob fortes medidas de segurança, face ao receio de novos protestos.
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Vincent Autin, 40 anos, e Bruno Boileau, 30, casam-se hoje às 16h30 (hora de Lisboa), informa a agência France Presse, na presença de centenas de convidados, entre os quais a porta-voz do Governo socialista, Najat Vallaud-Belkacem, que já disse que vai comparecer na cerimónia apenas a título individual.
Apesar de ser um estado secular, a França mantém uma população maioritariamente católica e o debate do casamento de pessoas do mesmo sexo e adoção de crianças por homossexuais, defendidas pelo Presidente François Hollande, continuam a provocar uma grande divisão.
No domingo, pelo menos 150 mil pessoas ocuparam as ruas de Paris, no que foi o último grande protesto desde a aprovação das novas leis que permitem o casamento homossexual e a adoção de crianças por estes casais, e a manifestação inicialmente pacífica acabou com a polícia a carregar sobre centenas de militantes de extrema-direita.
Opositores da nova lei já anunciaram a pretensão de se manifestar hoje em Montpellier, no sul do país, e as autoridades chamaram uma centena de agentes, mais 80 de prevenção, para garantir a segurança do casamento.
«É um acontecimento excecional e queremos que tudo corra sem problemas», disse uma fonte da autarquia.
Jornalistas internacionais têm chegado a Montpellier, também conhecida como "São Francisco francesa" devido à sua tolerância com as minorias sexuais, e a presidente da câmara local, Helene Mandroux, que vai presidir à cerimónia, mostrou-se surpreendida com este interesse.
«Somos o 14º país a reconhecer o casamento homossexual», afirmou. «Talvez a presença de tantos jornalistas seja provocada pela surpresa da reação dos opositores. Estão espantados com tanta violência no país dos direitos humanos», acrescentou.
Helene Mandroux disse ainda que fará um discurso na cerimónia destacando o «fenómeno de intolerância» das últimas semanas em França.