O primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, voltou a criticar o niqab, véu usado por mulheres muçulmanas para cobrirem o rosto, considerando-o um produto de uma cultura que é «anti-mulheres».
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O chefe do Governo conservador retomou na terça-feira, no parlamento, as críticas contra o "niqab", com o líder liberal Justin Trudeau a acusá-lo e ao seu Governo de «alimentarem um preconceito contra os muçulmanos».
Entre outras críticas, Trudeau lembrou as declarações do ministro da Imigração, Chris Alexander, que considerou o "nijab" (lenço que cobre os cabelos) algo que «vai contra os princípios dos valores canadianos».
Harper ignorou as críticas e reiterou a sua afirmação forte do mês passado em que considerou «ofensivo» alguém utilizar um "niqab" enquanto está a efetuar o juramento na cerimónia de cidadania.
Stephen Harper afirmou que Trudeau «parece não entender a razão por que quase todos os canadianos se opõem ao uso de vestuário que cobre o rosto durante as cerimónias de cidadania».
A polémica surgiu depois de um tribunal canadiano ter dado razão a uma mulher muçulmana que exigiu usar o "niqab" durante a cerimónia de atribuição de cidadania canadiana.
O primeiro-ministro afirmou que o Governo vai recorrer desta decisão por considerar que se trata de uma questão de segurança.
No parlamento, o deputado do NDP Charlie Angus acusou Harper de caracterizar «toda uma religião» como anti-mulheres: «Se fosse um canadiano muçulmano, ficaria muito, mas muito preocupado com a polémica criada pelo nosso primeiro-ministro com este tipo de discurso», referiu.
Justin Trudeau também advertiu que o Governo está a utilizar a mesma política que levou a algumas das «atitudes mais vergonhosas» no passado, relativamente à imigração judaica nos anos 1930 e 1940.
Na altura, os judeus canadianos foram submetidos a quotas no acesso à universidade, forem impedidos de entrar em clubes sociais, empresas e em parques públicos.