A decisão surge no seguimento da polémica gerada pelas declarações do ministro da Economia contra a política de austeridade do governo. Um novo Executivo é apresentado terça-feira.
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Sai Manuel Valls, entra Manuel Valls. O primeiro-ministro francês apresentou esta segunda-feira a demissão do governo mas foi prontamente solicitado pelo Presidente da República, François Hollande, para que constitua um novo Executivo, «em coerência com as linhas definidas pelo próprio presidente», anunciou o Eliseu em comunicado.
A composição do novo governo será apresentado terça-feira, adianta a mesma fonte.
O pedido de demissão de Valls surge no seguimento das declarações polémicas do ministro da Economia, Arnaud Montebourg, sobre a política de austeridade que tem vindo a ser seguida pelo governo francês.
Em declarações proferidas domingo, Montebourg exigiu novas políticas económicas e questionou aquilo que chamou de «obsessão alemã» com o rigor orçamental.«O momento chegou para a França e seu governo, em nome da sobrevivência da Zona Euro, apoiarem uma justa e razoável resistencia [a essas políticas]», adiantou.
A renovação do executivo, cujos contornos poderão começar a ser conhecidos ainda esta segunda-feira - segundo a imprensa francesa - deverá incluir a óbvia saída do ministro da Economia, Arnaud Montebourg.
Outro dos ministros que deverá ser substituído é Benoit Hamon, da Educação, que está entre os membros do Governo mais próximo do grupo de deputados socialistas considerados mais contestatários da política do Governo, segundo a imprensa.
A demissão de Valls e a formação de novo Governo ocorre menos de meio ano depois de este ter assumido o cargo de primeiro-ministro, com a sua popularidade e a do presidente François Hollande a cair fortemente.
Valls, um dos ministros mais apreciados do anterior executivo, perdeu mais de 20 pontos de apoio nos últimos três meses, ecoando a queda de 11 pontos no apoio total aos socialistas, segundo as sondagens.
A imprensa francesa atribui a queda de apoio à perceção de que Valls não tem aplicado o dinamismo que se esperava, mantendo a passividade de que todo o Governo francês é acusado.