O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, candidato potencial às eleições presidenciais de agosto, afirmou hoje que não está preocupado com o futuro do seu partido islamita conservador, no poder desde 2002.
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«O AKP [Partido da Justiça e do Desenvolvimento] não é o partido de um só homem (...) possui as suas próprias regras e mecanismos», referiu durante uma reunião do partido em Istambul.
Após três mandatos como primeiro-ministro -- o máximo permitido de acordo com os estatutos do AKP -, Erdogan não tem escondido a ambição de se candidatar às presidenciais de 10 de agosto, nas primeiras eleições da história da Turquia onde o chefe de Estado será eleito por sufrágio direto e universal.
Erdogan, que permanece popular em vastas camadas da população turca, é o favorito na corrida a um posto com poderes protocolares e apesar das especulações sobre a preservação da unidade interna do AKP na sua ausência.
«Não vejo ninguém neste partido que coloque as suas ambições pessoais à frente dos interesses do partido», disse Erdogan.
«No entanto, o nosso candidato à presidência deverá ser a última coisa que nos deve preocupar em relação ao futuro do AKP», acrescentou, citado pela agência noticiosa AFP.
«O AKP é um partido que existe e continuará a existir, não com indivíduos, mas com princípios e políticas cujos limites foram definidos».
O partido de Erdogan deverá anunciar o seu candidato presidencial até ao final de junho.
Na semana passada, os dois principais partidos da oposição anunciaram o apoio a um intelectual islâmico para desafiar Erdogan, uma decisão criticada por diversos segmentos laicos no país.
O Partido Republicano do Povo (CHP, kemalista) e o Partido de Ação Nacionalista (MHP, direita) sugeriram o apoio a Ekmeleddin Ihsanoglu, um experiente académico, diplomata e antigo secretário-geral da Organização da Cooperação Islâmica (OIC).
O partido de Erdogan garante um importante apoio popular e venceu todas as eleições desde que ascendeu ao poder, há 12 anos.
Após 11 anos no cargo de chefe do Governo, Erdogan tem sido acusado de crescente autoritarismo, na sequência da firme resposta a diversas crises internas, desde os importantes protestos de rua a um vasto escândalo de corrupção e ao devastador acidente de 13 de maio numa mina de carvão que provocou mais de 300 mortos.