Processo Mazan. Julgamento entra na fase final, veredito anunciado esta quinta-feira
Dominique Pelicot, o principal arguido, pediu perdão à família. Durante uma década, drogou a própria mulher, Gisèle Pelicot, violou-a repetidamente e entregou-a a dezenas de homens que recrutava na internet
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O julgamento dos crimes de violação em Mazan entra na fase final, esta quinta-feira, com a deliberação do tribunal após ter ouvido na passada segunda-feira as últimas palavras dos acusados.
O advogado de Gisèle Pelicot, Antoine Camus, enaltece a resiliência desta mulher que, nos últimos meses, tornou-se um símbolo em França. "A minha primeira reação foi pensar que tinha a resiliência ao telefone: uma mulher que não estava com raiva, não estava com ódio: ela questionava-se, queria saber como isto poderia ter acontecido. Achei admirável e foi também por isso que aceitei o caso imediatamente."
Durante três meses e meio, Gisèle Pelicot ouviu os depoimentos dos acusados. Na passada segunda-feira, o ex-marido da vítima reiterou as desculpas pelos crimes, confessou ter drogado a esposa e ter recrutado homens na internet para a violar.
A advogada de Dominique Pelicot, Béatrice Navarro, considera importante que o seu cliente tenha proferido as últimas palavras do processo. "Ele precisava expressar o que sentiu durante estes três meses e meio e isso era importante. Estas foram as suas últimas palavras, e era fundamental que ele passasse por isso. Era necessário, na minha opinião, que ele pudesse expressar claramente os seus sentimentos", defendeu a advogada do acusado Dominique Pellicot.
Dos cinquenta coacusados, a maioria optou por não se pronunciar. Apenas quinze apresentaram desculpas à vítima. À saída do tribunal, Gisèle Pelicot foi aplaudida e conversou brevemente com mulheres que a vieram apoiar. "Vim dizer-lhe: obrigado. Agradeço-lhe em nome de milhares de mulheres por ter tido a coragem de tornar o seu julgamento público. Ela permite-nos dar voz a todas as que foram reduzidas ao silêncio."
O Ministério Público pediu uma pena de 20 anos de prisão para Dominique Pelicot e entre 4 a 18 anos de reclusão para os cinquenta coacusados. O veredicto deste julgamento sem precedentes vai ser anunciado na manhã desta quinta-feira.
