O pedido de abertura de inquérito já seguiu para o Supremo Tribunal Federal. Inclui Lula da Silva e o ministro José Eduardo Cardozo. São acusados de tentar obstruir as investigações do caso Lava Jato.
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O pedido foi divulgado pelos jornais Folha de S. Paulo e O Estadão, que revelam que estava em sigilo no sistema do Supremo Tribunal Federal.
A Procuradoria alega que a nomeação de Lula para a Casa Civil visou perturbar as investigações da Operação Lava Jato, sobre desvios de dinheiro na empresa petrolífera estatal Petrobras. De acordo com os jornais, a denúncia da Procuradoria diz que Dilma Rousseff teria decidido nomear Lula da Silva ministro para que o juiz Sergio Moro, que coordena a Operação Lava Jato, não pudesse continuar as investigações contra o ex-Presidente.
A suspeita da Procuradoria baseia-se numa escuta telefónica divulgada pelo juiz Sérgio Moro na qual a Presidente diz a Lula da Silva que lhe vai enviar a nomeação como ministro para ser usada em caso de necessidade.
A declaração "caso fosse necessário" foi interpretada como uma possível obstrução à Justiça, porque sendo ministro, Lula da Silva teria foro privilegiado e somente o Supremo Tribunal Federal o poderia investigar.
Quando o caso foi tornado público, a Presidência da República repudiou a divulgação da gravação e disse que Dilma Rousseff apenas tinha enviado o documento de tomada de posse para Lula da Silva assinar, já que a presença dele na cerimónia oficial não era certa.
A nomeação de Lula da Silva como ministro foi suspensa logo a seguir à tomada de posse por decisão do juiz do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes.
Se o pedido de investigação contra Dilma Rousseff for acatado, será a primeira vez que a Presidente estará oficialmente entre os investigados na Lava Jato.
Além deste pedido de investigação de Dilma Rousseff, a Procuradoria brasileira pediu na terça-feira ao Supremo Tribunal do Brasil que investigue o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, três ministros do Governo de Dilma Rousseff e outros 27 políticos por alegado envolvimento no escândalo de corrupção da Petrobras.
O procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, pediu que, além de Lula, sejam investigados os ministros da Secretaria da Presidência, Ricardo Berzoni, da Informação, Edinho Silva e o chefe de gabinete da Presidência, Jaques Wagner.
O pedido da Procuradoria ao STF complica ainda mais a situação da Presidente Dilma Rousseff, que enfrenta um pedido de destituição, que deverá ser analisado pelo Senado (Câmara parlamentar alta) na próxima semana.
O pedido de 'impeachment' alega que Dilma Rousseff cometeu crime de responsabilidade ao realizar manobras fiscais e autorizar despesas extras sem autorização do Congresso. Apesar da delação de Delcídio ter sido citada na acusação inicial contra ela, este trecho da denúncia não foi aprovado no parecer da Câmara dos Deputados (câmara baixa) sobre o 'impeachment' que seguiu para o Senado.