Os sindicatos franceses convocaram os profissionais de saúde e os trabalhadores no apoio ao domicílio a mobilizar-se para exigirem melhores condições de trabalho, num contexto de crise sanitária.
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Esta terça-feira, dia 16 de junho, os sindicatos franceses organizam uma manifestação que promete um grande impacto em todo o território francês. Espera-se a presença de todos os setores afetados, direta ou indiretamente, pela crise sanitária e pelos efeitos de repercussão do novo coronavírus.
Os sindicatos franceses CGT, SUD ou Solidaires 31 vão sair à rua junto a partidos políticos, nomeadamente, A França insubmissa e o Novo Partido Anticapitalista, para denunciar as condições de trabalho dos profissionais de saúde.
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Depois destes três meses de confinamento obrigatório, Julie, enfermeira, pondera mudar de profissão, e justifica-o pelo facto de "não existir reconhecimento, nem revalorização dos salários... há outras profissões mais interessantes, menos stressantes, onde não pomos a nossa vida em risco. Hoje, procuro outro trabalho".
Enfermeiros e médicos pedem à população para se juntarem às manifestações esta terça-feira, como contou Antoine, "pedimos à população que nos aplaudiu à janela todas as noites, que se junte a nós e que saia para as ruas".
Esta manifestação vem no seguimento das "terças-feiras da ira" da profissão, que começaram a 26 de maio, nomeadamente no Hospital Universitário de Toulouse, a 2 de junho em frente à Agência Regional de Saúde e no passado dia 9 de junho junto ao Fundo de Seguro Primário de Saúde.
Os anúncios do governo francês, que incluem o pagamento de uma gratificação aos profissionais de saúde durante a crise sanitária, com o objetivo de os recompensar pelos esforços, não chegaram para acalmar a revolta da profissão.
O objetivo destas manifestações que vão acontecer em todo o país, é o de homenagear os profissionais de saúde vítimas do novo coronavírus, e exigir melhores condições de trabalho ao setor da saúde, um aumento salarial, condições para um melhor atendimento dos doentes, nomeadamente através de um plano de recrutamento massivo, aumento do número de camas, definição de uma melhor coesão territorial. Os profissionais de saúde pedem igualmente « o cancelamento da dívida hospitalar e um considerável aumento do orçamento geral da saúde », afirma Julien Terrier, membro da Confederação Geral do Trabalho em França.
A crise hospitalar em França acentuou-se durante a crise sanitária, mesmo se manifestações se tinham levantado em 2019, nomeadamente no dia 16 de novembro, dia em que os profissionais saíram à rua para denunciar o excesso de mortalidade registado nos lares de idosos, a ausência de máscaras e de material de proteção suficiente nos hospitais.