A Irmandade Muçulmana egípcia considerou hoje a decisão judicial que ditou a proibição das suas atividades como «política e manchada pela corrupção» e prometeu ficar «no terreno».
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O presidente eleito do Egito, Mohamed Morsi, destituído pelos militares em julho, foi dirigente da Irmandade Muçulmana.
Um tribunal decidiu hoje proibir as atividades da confraria e ordenou a confiscação dos seus bens, no último desenvolvimento de uma campanha contra o movimento islâmico.
«A junta tenta reduzir ao silêncio quem quer que se oponha (a ela), o julgamento a ordenar a dissolução tem motivos políticos e faz parte da repressão em curso contra a Irmandade Muçulmana», refere a confraria numa reação no Twitter, prometendo «ficar presente no terreno mesmo após a sua dissolução«.
«O que quer que os regimes fascistas tentem para eliminar a Irmandade, a dissolução não vai afetar a organização», prossegue o movimento.
«A Irmandade Muçulmana faz parte da sociedade egípcia, as decisões judiciais manchadas pela corrupção e política não podem mudar isso», afirma a reação.
Desde que Morsi foi afastado do poder e detido, a 3 de julho, os militares iniciaram uma campanha contra dirigentes e apoiantes da Irmandade.
A 14 de agosto, foi lançada uma operação do exército e da polícia contra milhares de apoiantes de Morsi que estavam acampados no centro do Cairo para exigir o regresso do presidente deposto.
Durante a semana de violência que se seguiu mais mil pessoas foram mortas, na maioria manifestantes pró-Morsi e mais de 2 mil islamitas foram detidos, incluindo os principais dirigentes da Irmandade.
A interdição das atividades pronunciada hoje pela justiça aplica-se à confraria - que não tem qualquer existência jurídica - bem como à Associação dos Irmãos Muçulmanos, uma organização não-governamental criada durante a presidência de Morsi e acusada de servir de fachada à Irmandade.
A decisão abrange também "qualquer organização que emane ou seja financiada" pela Irmandade.
Entre as organizações satélites figura o Partido da Liberdade e da Justiça, braço político da Irmandade, que poderá ser ilegalizado, depois de ter vencido claramente as legislativas realizadas no fim de 2011, meses após a queda de Hosni Mubarak, afastado do poder por uma das revoltas populares da chamada Primavera Árabe.