"Protejam as crianças, não as armas." Milhares saem às ruas de Nova Iorque pelo fim da violência armada
Além de Nova Iorque, mais de 300 cidades norte-americanas contaram com manifestações contra a violência armada.
Corpo do artigo
Milhares de pessoas saíram hoje às ruas em Nova Iorque, a pedir o fim da violência armada e uma mudança significativa nas leis dos Estados Unidos da América (EUA), entoando gritos como "protejam as crianças, não as armas".
Em Nova Iorque, o principal ponto das manifestações foi o Cadman Park Plaza, em Brooklyn, onde foram colocadas cruzes com os nomes das 22 vítimas mortais do massacre de 24 de maio numa escola primária de Uvalde, no estado do Texas, onde um jovem de 18 anos matou 19 crianças e duas professoras com armas de fogo.
Também uma estátua de uma menina a esconder-se debaixo de uma secretária, como símbolo de tiroteios em escolas, foi colocada no relvado do Cadman Park Plaza.
Centenas de crianças seguravam cartazes com mensagens como: "A minha vida vale mais do que uma arma?", "Protejam as crianças, não as armas", "Mantenham as crianças seguras, parem o acesso a armas" e "Quantos inocentes terão de morrer?".
Já os cartazes exibidos pelos pais destas crianças estavam carregados de frases de indignação: "Chega, os nossos filhos não deviam ter de marchar pelas suas vidas!", "O problema são as armas, não são as doenças mentais, os videojogos, a segurança nas escolas ou portas destrancadas" ou "Quando é que eles vão amar mais os nossos filhos do que as armas?".
Mensagens dirigidas ao poderoso 'lobby' das armas e ao partido republicano, que tem barrado projetos que tentam limitar o acesso a armas de fogo no país.
Também muitos professores estiveram presentes neste protesto, pedindo mais material escolar ao invés de armas nas escolas, tal como têm defendido os republicanos.
Além de Nova Iorque, mais de 300 cidades norte-americanas contaram com manifestações contra a violência armada, sendo que um dos principais pontos das manifestações foi a capital norte-americana, Washington, que contou com intervenções de sobreviventes da violência armada, professores, entre outros.
Organizados pelo 'March for Our Lives' ['Marcha pelas nossas vidas'], grupo liderado por jovens e fundado após os tiroteios nas escolas de Parkland e que mobilizou manifestantes contra a violência armada em todo o mundo em 2018, os protestos deste sábado ocorrem numa altura em que a legislação sobre armas de fogo ganha novo impulso nos EUA.
O fundador do 'March for Our Lives', David Hogg, também ele um sobrevivente de um massacre numa escola norte-americana, pediu aos cidadãos de fora dos EUA que protestem também contra a violência armada, junto das embaixadas dos Estados Unidos em todo o mundo.
Para tentar responder aos vários tiroteios registados recentemente no país, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou um projeto-lei de controlo de armas na quarta-feira, em resposta aos recentes tiroteios em Buffalo e Uvalde, que aumenta a idade mínima para comprar uma espingarda semiautomática.
A proposta dos democratas dificilmente será aprovada no Senado, onde os republicanos preferem melhorar os programas de saúde mental, reforçar a segurança das escolas e a verificação de antecedentes.
O ciclo aparentemente interminável de tiroteios em massa nos Estados Unidos raramente fez com que o Congresso agisse, mas o ataque que provocou a morte de 19 crianças e duas professoras em Uvalde reacendeu os esforços de uma forma que fez os congressistas de ambos os partidos discutirem sobre como resolver a situação.
"É revoltante, é revoltante que os nossos filhos sejam forçados a viver com esse medo constante", disse a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi.