Há manifestações contra o presidente em sete estados, fogos ateados e estradas cortadas. Na Bolsa, o dólar sobe e em Brasília a oposição leva faixas "fora Temer".
Corpo do artigo
Enquanto na Câmara dos Deputados, em Brasília, os 513 parlamentares já iniciaram os trabalhos que vão decidir o futuro de Michel Temer, em sete estados do país manifestantes protestam contra o presidente, ateando fogos e interrompendo estradas.
TSF\audio\2017\08\noticias\02\joao_almeida_moreira_15h
No Ceará, no Mato Grosso, em Pernambuco, em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro e, principalmente, no estado de São Paulo há registo de manifestações, com centenas de populares envolvidos, estradas cortadas e caos no trânsito.
Os bloqueios afetam desde o início da manhã a autoestrada Régis Bittencourt, entre os municípios da grande São Paulo de Embu das Artes e Taboão da Serra, a Anchieta, perto de São Bernardo do Campo, e a Presidente Dutra, perto da cidade de Guarulhos.
Durante os protestos, os manifestantes queimaram pneus, que colocaram de modo a impedir a circulação. Os bombeiros apagaram o fogo em três corredores para permitir a circulação dos veículos.
Na Ibovespa, a Bolsa de Valores de São Paulo, a tensão sobre o futuro político do presidente também se vem refletindo: o dólar subiu 0,11 por cento, acompanhando a tendência de alta de 0,25 já verificada na noite de ontem.
Mas é para a Câmara dos Deputados, na capital federal, que todos os olhos de voltam ao longo da tarde e da noite: Michel Temer, que é acusado de corrupção passiva por supostamente ter recebido 500 mil reais numa mala de um empresário com quem se reuniu clandestinamente e com quem terá também combinado comprar o silêncio de um preso na Lava Jato, viu a oposição chegar ao plenário com faixas a dizer "fora Temer" e outras palavras de ordem.
Essa mesma oposição tem de reunir 342 votos - dois terços do parlamento - para fazer Temer ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal e com isso ser afastado por seis meses da presidência. Segundo as contas da imprensa, dos aliados do governo e até da oposição, no entanto, será difícil chegar a esse número.
Temer, que tem feito operações de charme com cada deputado praticamente um a um, deve evitar a investigação e, assim, continuar no poder. Porém, se a sua vitória não for por números significativos, ficará ainda mais enfraquecido aos olhos do povo, onde a sua gestão é aprovada por meros 5 por cento.
De acordo com estimativas dos seus aliados, o Governo tem pelo menos 250 votos garantidos, o que tornaria inviável os esforços da oposição minoritária para aprovar a admissibilidade do processo contra o Presidente.