PSD e CDS no grupo dos piores. Maioria dos eurodeputados não protegeu o clima entre 2019 e 2024
Segundo as principais organizações ambientalistas europeias, a maioria dos eurodeputados agiu para adiar iniciativas ou como "pensador pré-histórico", atrasando a ação necessária ou "votando de forma irregular e inconsistente".
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Uma minoria dos eurodeputados agiu no mandato 2019-2024 para proteger o clima e a natureza e reduzir a poluição, indica uma análise de cinco das principais organizações ambientalistas europeias, que colocam PSD e CDS-PP no grupo dos piores.
De acordo com a análise, que é esta segunda-feira apresentada em Bruxelas, a maioria dos eurodeputados ou agiu para adiar iniciativas ou como "pensador pré-histórico", atrasando a ação necessária ou "votando de forma irregular e inconsistente".
Ou, acrescentam as organizações num comunicado, essa maioria falhou completamente "no apoio a iniciativas que visam fortalecer a capacidade da União Europeia (UE) enfrentar o desafio das diferentes crises que se lhe colocam no presente e no futuro".
À TSF, Susana Fonseca, dirigente da Zero, adianta que o objetivo não é orientar o voto para as próximas eleições europeias, mas dar mais ferramentas aos eleitores para poderem atuar.
"Nós só podemos avaliar os partidos que têm assento no Parlamento Europeu atualmente, portanto, não podemos avaliar o desempenho partidos que não estão lá, mas esse é o perfil dos partidos que, a nível europeu, se posicionam mais na extrema-direita. Recorrentemente não apoiam as políticas ambientais mais progressistas e, portanto, é o único grupo em que isso acontece de forma tão expressiva", afirma.
No barómetro de avaliação, as cinco organizações ambientalistas colocam as forças políticas em três grupos, de acordo com as ações de proteção do clima: os protetores, os que mais protegeram; os procrastinadores, na posição intermédia; e os que menos apoiaram as ações relacionadas com o clima, os pensadores pré-históricos.
Os responsáveis pela análise notam que há diversidade dentro dos grupos políticos e dentro dos partidos nacionais, sendo possível encontrar protetores em todo o espetro político, com exceção da extrema-direita.
E explicam que deram a cada grupo/partido uma pontuação, numa escala até 100, sendo esse o valor mais ambientalista.
No grupo dos protetores, as organizações colocaram em primeiro lugar os "Verdes/Aliança Livre Europeia", com 92 pontos (de 100 possíveis), seguindo-se "A Esquerda", com 84 pontos, e depois a "Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas", com 70 pontos.
O grupo dos procrastinadores tem apenas o "Renovar a Europa", com 56 pontos, e nos pensadores pré-históricos ficaram os outros três grupos, o "Partido Popular Europeu" com 25 pontos, o dos "Conservadores e Reformistas Europeus", com 10 pontos, e o "Identidade e Democracia", com seis pontos em 100 possíveis.
Olhando apenas para os eurodeputados portugueses e aplicando a mesma avaliação, o Bloco de Esquerda e o PS são classificados como protetores, o PCP é procrastinador, e o PSD e o CDS-PP pensadores pré-históricos.
O Bloco de Esquerda (91 pontos) está na média do seu grupo político (Aliança Livre Europeia) e o PS (79 pontos) está mesmo acima do seu (Aliança Progressiva dos Socialistas e Democratas).
Pior classificado está o PCP, que com 67 pontos não foi além de procrastinador, quando o seu grupo político (A Esquerda, 84 pontos) está bem acima, classificado como protetor.
Nos pensadores pré-históricos, o PSD (27 pontos) está dentro da média do seu grupo, ligeiramente acima, e o CDS-PP (20) está abaixo da média (os dois no Partido Popular Europeu).
O barómetro analisou o voto individual de cada eurodeputado e classificou-o em relação às recomendações de voto das cinco organizações ambientais sobre 30 dossiers políticos, que incluem legislação em matéria de clima, natureza e poluição.
"Os benefícios para os cidadãos de uma transição socialmente justa para uma Europa com impacto neutro no clima, positiva para a natureza e com poluição zero são enormes e, nos últimos cinco anos, o Parlamento Europeu teve o poder e a oportunidade de atuar corajosamente para conduzir a União Europeia neste sentido", dizem as organizações no comunicado, que em Portugal é subscrito e divulgado pelas associações ambientalistas Geota, Spea, Quercus e Zero.
E acrescentam que a divulgação desta informação permite aos cidadãos europeus responsabilizarem os seus representantes pelo recente desempenho parlamentar, e exigirem maior ambição nos próximos cinco anos. As eleições europeias decorrem em junho próximo.
O barómetro é da responsabilidade das organizações "BirdLife Europe", "Climate Action Network Europe", "European Environmental Bureau", "Transport & Environment" e "Gabinete de Política Europeia da WWF".
