Psiquiatras espanhóis avisam que uma mulher que faz um aborto não é uma doente mental
Estes profissionais juntam-se às muitas criticas que têm sido feitas sobre a reforma da lei do aborto em Espanha e que praticamente retira à mulher a liberdade de interromper a gravidez voluntariamente.
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Os psiquiatras espanhóis consideram que lhes estão a impor um papel que não lhes compete exercer. A interrupção voluntária da gravidez, diz a presidente da associação de neuro-psiquiatria, nada tem a ver com saúde mental
A proposta do governo espanhol, que vai agora para o parlamento, prevê que uma mulher só possa abortar em dois casos: violação ou grave risco para a saúde física e mental da mulher. Neste segundo caso estão incluídas mal formações do feto que provoquem danos psicológicos na grávida.
Ora a avaliação do grave risco para a saúde mental e dos danos psicológicos vai passar a ser feita por dois psiquiatras, que têm de estabelecer se a mulher enfrenta uma situação de tensão insuportável. É esse papel que os psiquiatras não querem desempenhar
Eudoxia Gay diz que, pontualmente, os psiquiatras intervêm em processos de aborto mas sempre a pedido da mulher e para a acompanharem e apoiarem na decisão que tomou, nunca o fazem para determinar uma decisão.
A responsável pela associação de neuro-psiquiatria diz que a estes profissionais não cabe fazer juízos morais nem fazer pender a balança para um lado.
Eudoxia Gay chama ainda a atenção para o facto de a avaliação psiquiátrica poder ter consequências no futuro. Se os médicos aceitarem que uma mulher corre um risco permanente e duradouro a nível mental, isso pode virar-se contra ela em casos, por exemplo, de separação em que está em causa a custódia de filhos.