A vice-secretária geral do PSOE disse hoje que a canção ouvida no Parlamento português representou um grito da cidadania contra a «ditadura» que os manifestantes entendem ser Bruxelas.
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«Quando o primeiro-ministro português falava, num momento em que se referia ao orçamento europeu e às perspetivas europeias, todo o público nas galerias começou a cantar a canção da revolução dos cravos», contou hoje Elena Valenciano, no arranque de uma conferência de socialistas europeus em Madrid.
«Mudaram assim o que era uma reivindicação contra a ditadura portuguesa, para uma reivindicação contra a ditadura que entendem ser Bruxelas», afirmou.
Para Elena Valenciano, esta perceção da cidadania, representada pelo que ocorreu na sexta-feira em Lisboa, é «muito grave», sendo que «não se está muito longe de que isso possa acontecer no parlamento espanhol», disse.
«Ninguém entende que as razões económicas possam ser as que levam as pessoas a sofrer o que estão a sofrer, ninguém entende que a receita seja uma receita de tanto sofrimento», disse.
Elena Valenciano falava no arranque de um encontro organizado pelo Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu (S&D) e pelo Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), onde participam, entre outros, o líder do PS português, António José Seguro, o presidente do PSOE, Alfredo Pérez Rubalcaba e o primeiro secretário do PS francês, Harlem Désir.
Na sua intervenção, Elena Valenciano referiu-se ao facto de o primeiro-ministro português ter sido interrompido, quando intervinha no debate quinzenal na Assembleia da República, por um grupo de pessoas que entoaram a canção "Grândola Vila Morena", música emblemática da revolução de 25 de Abril de 1974.