Puigdemont admite viabilizar novo governo de Espanha com quatro condições, incluindo amnistia
O ex-líder catalão não especificou com quem está disposto a negociar - Sanchéz ou Feijóo - impondo apenas quatro exigências para apoiar um dos partidos que está a disputar a governação.
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O antigo presidente regional da Catalunha Carles Puigdemont admitiu esta terça-feira viabilizar um eventual governo de Pedro Sanchéz ou de Alberto Núñez Feijóo mediante várias condições, incluindo amnistia para os independentistas catalães.
Numa conferência de imprensa em Bruxelas, onde vive para fugir à justiça de Espanha, Puigdemont indicou as quatro condições necessárias para o seu partido Juntos pela Catalunha (JxCat) abrir negociações "históricas" para viabilização do novo governo do país, na sequência do impasse provocado pelas eleições legislativas de 23 de julho.
A amnistia e o abandono"permanente" da via judicial contra os envolvidos na revolta separatista de 2017; o reconhecimento da "legitimidade democrática" da fação independentista catalã; a criação de um "mecanismo de garantia" de cumprimento dos acordos que venham a ser establecidos entre o governo central e o governo da Catalunha e a definição de limites apenas segundo os acordos e tratados internacionais que se referem aos direitos humanos (individuais e coletivos) e às liberdades fundamentais.
O ex-líder catalão reitera que a tentativa de autodeterminação da Catalunha em 2017 "não foi um crime" e condena que o seu partido seja considerado "a segunda maior ameaça ao Estado depois do terrorismo". A amnistia é compatível com a Constituição espanhola e depende "exclusivamente da vontade política", alega.
Puigdemont não especificou se prefere negociar com o Partido Popular (PP) de Feijóo ou com o Partido Socialista (PSOE) de Sanchéz, sendo que ambos conseguiriam formar governo se contassem com apoio dos deputados do JxCat.
No entanto, até ao momento apenas o socialista manifestou abertura para uma eventual negociação com os separatistas, referindo esta segunda-feira que próxima legislatura deixará "definitivamente atrás" a fratura aberta na Catalunha em 2017.
Também esta segunda-feira a ministra do Trabalho e líder do plataforma de forças da extrema-esquerda Somar, Yolanda Díaz, reuniu-se em Bruxelas com Carles Puigdemont, naquele que foi o primeiro contacto público conhecido entre um membro do Governo espanhol e o antigo presidente do executivo regional da Catalunha desde a sua fuga para a Bélgica.
O encontro foi mal recebido pelos partidos de direita e extrema-direita (PP e VOX, respetivamente), condenando o facto de a líder do Somar - umas das vice-presidentes do atual Governo - se ter reunido com "um fugitivo da justiça".