O líder independentista assumiu hoje em Waterloo, que "gostaria muito" de incluir Portugal na lista de um possível périplo pela Europa.
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"Portugal é um grande país, gostaria muito", disse em declarações à TSF/DN, no final de um encontro/comício, naquela cidade da região francófona da Bélgica, admitindo que, nesta fase, "ainda não tem planeada" uma tal visita.
Puigdemont referiu-se ainda a Portugal como um país "com uma grande visão do mundo, que admira muito", deixando porém por esclarecer se os seus líderes estão entre os que critica, quando se diz desapontado com o "silêncio" da Europa.
"Fiquei muito desapontado com o senhor Juncker e com outros líderes europeus, não por causa das opiniões deles sobre a independência da Catalunha, mas pelo silêncio a propósito das violações dos direitos fundamentais, naquela relevante parte da União Europeia", disse, frisando no entanto que "não espera que o governo de um qual quer país, seja qual for, nem mesmo a Bélgica, se envolva numa questão que não lhes diz respeito".
"Eles têm uma opinião, dentro do seu país. Mas, sobretudo, além das ideias que tenham sobre a República Catalã, há um compromisso muito claro, que conheço desde o início na Bélgica e conheci muito claramente na Alemanha, que é o compromisso com a democracia, com o verdadeiro Estado de Direito e pelos princípios fundamentais da democracia", disse.
Puigdemont prometeu "continuar a viagem à volta da Europa", vincando que a Ideia é viajar até ao último recanto do nosso continente, para defender a causa justa do povo catalão, a causa da democracia, da liberdade e da autodeterminação", agindo de acordo com o estatuto de "homem livre".
"Vou agir no quadro dessa liberdade, que a União Europeia me dá, de me poder deslocar, falar, exprimir-me. Eu quero agir como isso que sou, um homem livre, com os meus ideais políticos, com os meus deveres e sem a necessidade de solicitar asilo político", disse, vincando que é "um europeu livre, não apenas em todo o espaço da União Europeia, como em todo o mundo, excepto em Espanha".
Waterloo, Cava e independência
Carles Puigdemont insistiu hoje na "libertação de todos os presos políticos", em Espanha, bem como a autorização de "regresso a casa dos políticos exilados".
O antigo presidente falava a partir da varanda da denominada "casa da democracia", onde se tinha instalado, em Fevereiro deste ano, pouco antes de se deslocar a Helsínquia e de ser detido numa área de serviço, no norte da Alemanha.
O discurso era aguardado por várias dezenas de apoiantes catalães, em Waterloo e até por alguns vizinho que assistiam com curiosidade. "Haja alguma coisa que nos traga animação ao "quartier" (bairro)", comentou um dos moradores, com a TSF/DN. "Isto é muito sossegado, mas o que precisamos aqui é de algum "vin" espanhol".
Não será mais Cava (o espumante da Catalunha)? "Ah, "Oui", Cava, gostamos muito de Cava. Conhecemos muito bem, porque bebemos". A conversa ganha um tom sério, quando a pergunta é sobre a independência. Sendo uma questão que não é alheia à Bélgica, o que lhe parece quando uma parte do país se quer desintegrar da outra? "Isso... eu não percebo. "Pourquoi on ne peut pas tous vivre ensemble?" (porque é que não podemos todos viver juntos?).
Porém, houve quem viesse da Holanda, "de propósito, para receber Puigedemont, o presidente legítimo da Catalunha", como o caso de Miquel Marzabal Galano, um catalão que escolheu Amesterdão para desenvolver o seu trabalho como artista plástico. Para ele o regresso de Puigdemont à liberdade "este é um pequeno passo na independência", já que "por agora, continua tudo muito encalhado".
Outra das apoiantes, imigrante "há mais de 25 anos" afirmou ao DN que no dia do referendo, a 01 de Outubro de 2017, viajou para a Catalunha, para acompanhar a mãe à mesa de voto.
"Ela votava numa escola da periferia de Barcelona onde esteve tudo calmo, mas que tensão todo o dia, agora dizem que vem a polícia não se pode votar, depois não vem e já se vota, que tensão", comentou, recordando o dia em que grupos anti-motim da Guarda Civil espanhola, atacaram à bastonada e até com recurso a balas de borracha, os eleitores, que votavam num referendo declarado inconstitucional.
"É por isso que estou hoje aqui, pela autodeterminação do nosso povo. Queremos a independência desde que nascemos e vamos tê-la", disse.