Contra Putin, contra a guerra e com um apelo claro ao boicote às importações da Rússia. Em suma, são estas as mensagens que o coletivo Pussy Riot quer deixar nos concertos agendados para os próximos dias no Porto e em Lisboa. Um dos motivos que tem destacado o grupo nos últimos anos é a oposição ao regime político de Moscovo.
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O coletivo russo Pussy Riot está em Portugal para apresentar um manifesto. Foi assim que assumiram ao que vêm, esta manhã, em conferência de imprensa na Casa da Música, no Porto. As três representantes do grupo, e ativistas políticas, sublinham que esta digressão é um apelo à ação para que todos se pronunciem contra a invasão russa à Ucrânia.
Maria Alekhina, uma das Pussy Riot, tem já um longo e conhecido histórico de detenções pelo regime russo, à conta de protestos políticos, e acredita: "Nós mostramos o que se passa no nosso país, o que acontecia e ainda acontece com todas aquelas pessoas contra Putin e pedimos que não financiem Putin." Por isso apelam "a um embargo total do petróleo e gás russos".
"Porque qualquer pessoa pode ver os números. São muitos e todos podem ver quanto dinheiro é que o regime de Putin recebe do gás e do petróleo", explica.
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Para a ativista, é aqui que reside a origem de "todos os atos terríveis que têm cometido agora contra os ucranianos, mas que antes, pelo menos nos últimos dez anos, cometiam contra todos os russos que protestassem contra o regime".
"Este dinheiro do petróleo e do gás é a base para as detenções, envenenamentos e assassinatos. Portanto, esta é a nossa mensagem", garante.
Olga Borisova, outro elemento do grupo, acredita que o regime russo pode ser derrotado se todos os povos democráticos se unirem. E, para isso, a cultura é essencial. Borisova acrescenta que querem "começar um movimento antiguerra global".
"Todos juntos, podemos mudar a situação. Muitas questões têm sido colocadas sobre como se pode parar esta guerra. Claro que o elemento crucial é o dinheiro que sai do Ocidente para os bolsos de Putin e da sua trupe. Mas também penso que podemos exercer uma influência cultural. Eu acredito que as comunidades são mais fortes que os governos. Por isso, se conseguirmos unir-nos com povos que partilham os mesmos valores, independentemente da sua origem, isso seria fantástico", diz.
A ativista critica ainda a atuação das autoridades europeias no conflito e acusa o Parlamento Europeu de não ser honesto nas posições que adotou.
"No Parlamento Europeu ainda falam de como evitar sanções e em comprar gás e petróleo em rublos. Eu acho que eles ainda priorizam os negócios sobre as vidas humanas. Isto é horrível e trata-se de toda a hipocrisia de que temos falado", refere Olga Borisova.
Sobre a performance que vão apresentar, o coletivo diz que se trata de uma retrospetiva desde a primeira intervenção ativista de Maria Alekhina na Praça Vermelha, em Moscovo, até ao seu último dia de prisão de uma sentença de dois anos, numa tentativa de clarificar as consequências do conflito.
As Pussy Riot atuam esta quarta-feira na Casa da Música, no Porto, seguindo-se o espetáculo no Capitólio, em Lisboa, na quinta-feira. As receitas da digressão vão reverter para a construção de um hospital pediátrico na Ucrânia.