Putin convoca reservistas. Mobilização geral "pode ser um passo a ser dado mais tarde"
À TSF, o major-general Isidro Pereira explica que o que foi anunciado por Putin é uma "mobilização parcial", ou seja, "a mobilização de um conjunto de cidadãos que já têm experiência militar e ainda se encontram em idade de poder combater".
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Num curto discurso à nação, Vladimir Putin anunciou uma "mobilização militar parcial" dos reservistas e outros cidadãos com experiência militar, a partir desta quarta-feira, para defender a soberania e a integridade territorial do país. Em declarações à TSF, o major-general Isidro Pereira explica o que é uma mobilização parcial.
"Significa que não há uma mobilização geral, ou seja, não vai acontecer aquilo que aconteceu, por exemplo, na Ucrânia, em que foi decretada a lei marcial e todos os cidadãos do sexo masculino, entre 18 e 60 anos, ficaram impedidos de abandonar o respetivo território e foram obrigados a participar nas ações de defesa do seu país. Na Rússia, aquilo que está a acontecer é que fundamentalmente trata-se de uma mobilização dos reservistas, de um conjunto de cidadãos que já têm experiência militar e ainda se encontram em idade de poder combater", esclareceu.
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Em mais de seis meses de guerra na Ucrânia, o exército de Putin está a perder terreno e, por isso, Isidro Pereira acredita que a mobilização geral da Rússia pode ser o próximo passo.
"A Rússia não optou pela mobilização geral, isso poderá ser um passo a ser dado mais tarde, se for necessário. Na prática, destina-se a suprir um conjunto de insuficiências que são muito grandes. Foi solicitado aos distritos federais, que numa base de voluntariado, gerassem batalhões. Foi isso que aconteceu até agora um pouco por toda a Rússia, mas não foi suficiente para colmatar as perdas que a Rússia foi tendo ao longo destes quase sete meses", acrescenta.
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O ministro da Defesa da Rússia anunciou esta quarta-feira a mobilização de 300 mil reservistas e reconheceu que o país perdeu 5937 soldados durante a campanha na Ucrânia iniciada em fevereiro.
O ministro explicitou os termos da mobilização depois de o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ter anunciado uma "mobilização parcial" dos cidadãos, numa altura em que a guerra na Ucrânia está quase a completar sete meses.
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Putin acusou ainda o Ocidente de querer dividir e destruir a Rússia ao "reforçar o seu armamento" e ao utilizar os ucranianos como "carne para canhão".
"Dizem que a Rússia deve ser dividida, apoiam bandos de terroristas no Cáucaso, perto das nossas fronteiras", referiu.
O líder do Kremlin afirmou que o objetivo dos russos é libertar o Donbass: "Não temos o direito de deixar desprotegidas as populações de Lugansk e Donetsk, vítimas de ataques bárbaros dos nazis ucranianos."
O presidente russo agradeceu aos cidadãos russos no Donbass, sublinhando que são "verdadeiros patriotas" e que o país está "unido pela grande Rússia".
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"É preciso passos para defender a soberania e integridade territorial da Rússia", disse.
Putin lamentou os ataques junto à fronteira com a Rússia, adiantando que a Ucrãnia utiliza tecnologia da NATO e sublinhou que Moscovo tem "melhor tecnologia do que o Ocidente", avisando que "se houver necessidade" vai usar "todos os meios que tiver à disposição para afastar a ameaça que existe contra a Rússia e proteger o nosso povo". "Isto não é bluff", avisou.
Esta foi a primeira mensagem ao país de Putin desde o início da ofensiva na Ucrânia que, a 24 de fevereiro, anunciou como uma "operação militar especial".
As autoridades locais das regiões de Kherson, Zaporizhzhia, Donetsk e Lugansk, na Ucrânia, anunciaram esta terça-feira a realização, de 23 a 27 de setembro, de referendos para decidirem sobre a sua anexação pela Rússia.
Na terça-feira, Putin já tinha acusado a União Europeia de bloquear uma doação russa de 300 mil toneladas de fertilizante aos países que mais dele precisam, denunciando o que diz serem crescentes obstáculos colocados pelo Ocidente exportações russas.