As crises nos dois países levaram a uma nova reaproximação
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A Rússia e Coreia do Norte querem combater em conjunto a hegemonia dos Estados Unidos e dos aliados e, por isso, estabeleceram esta quarta-feira uma nova parceria estratégica. Depois de uma primeira visita de Vladimir Putin a Pyongyang, há 24 anos, seguiu-se uma década em que a Rússia votou a favor de nove resoluções do Conselho de Segurança da ONU a penalizar a Coreia pelo programa nuclear e pela violação dos direitos humanos.
Agora, as crises nos dois países levaram a uma nova reaproximação. A Rússia precisa das munições coreanas para a guerra na Ucrânia e a Coreia do Norte precisa de ajuda para colocar em órbita um satélite espião. Algo que não conseguiu fazer até agora.
Os dois países enfrentam sanções internacionais e estão isolados. A forma como Putin foi recebido às 3h00 da madrugada, com milhares de pessoas ao longo das ruas, tem como objetivo mostrar que, apesar do isolamento, a Rússia ainda é muito influente em algumas partes do mundo.
Depois da festa, os dois líderes estiveram reunidos durante cerca de duas horas em Pyongyang e no final falaram aos jornalistas para anunciarem uma nova parceria estratégica. Para Putin trata-se de um "documento revolucionário".
No entanto, pouco se sabe sobre este entendimento. O Presidente russo apenas esclareceu que abrange a política de investimentos, cultura, comércio e também a área da segurança. Em relação a esta última foi revelado que os dois países se comprometem a ajudar-se mutuamente no caso de qualquer uma das nações ser atacada.
Em 1961, Nikita Khrushchov pela União Soviética e Kim Il-sung, fundador da Coreia do Norte, assinaram um acordo idêntico, mas mais esclarecedor. Se um dos países fosse atacado, o outro entraria imediatamente em ação com ajuda militar.
Agora, até o texto ser divulgado, não se sabe se a ajuda será militar, se, por exemplo, os soldados da Coreia do Norte podem ser enviados para combater ao lado dos russos ou se a ajuda será humanitária ou de outro tipo. Não se sabe também se, à semelhança do que fazem os EUA e a Coreia do Sul, os dois países vão realizar exercícios militares conjuntos em território da Coreia do Norte.