"Putin que se envergonhe." Grã-Bretanha acusa Rússia de ser "inimiga da paz" devido ao conflito no Sudão
Na resposta, o diplomata russo acusou Londres de mostrar uma mentalidade colonialista
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A Grã-Bretanha acusou, nesta tarde de segunda-feira, a Rússia de ser inimiga da paz. O ministro dos negócios estrangeiros britânico respondia assim ao veto russo, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, a uma resolução sobre o conflito no Sudão.
O texto apresentado pela Grã-Bretanha e pela Serra Leoa tinha por objetivo fazer aumentar a entrada da ajuda humanitária no país. Nesse sentido, apelava às duas partes em conflito para pararem imediatamente os combates e iniciarem conversações sobre um cessar-fogo.
Desde 2023 que o país tem sido palco de violentos combates entre o exército nacional, liderado pelo homem que dois anos antes assumiu o comando do país depois de um golpe de Estado, e as forças paramilitares de apoio rápido, chefiadas por um general que já foi adjunto do Presidente.
Nesta tarde de segunda-feira, no Conselho de Segurança, 14 nações apoiaram a resolução, apenas a Rússia votou contra. O responsável pela Política Externa britânica não foi capaz de esconder a indignação, acusando a Rússia de ser inimiga da paz e de mais uma vez mostrar ao mundo a verdadeira face.
David Lammy não deixou também de apontar o dedo ao Presidente russo. “Putin que se envergonhe por usar os seus mercenários para espalharem conflitos e violência no continente africano. Putin que se envergonhe por fingir ser um parceiro do sul global ao mesmo tempo que condena os africanos negros a mais assassínios, mais violações e mais fome numa guerra brutal.”
Enquanto o ministro britânico falava, o representante russo mexia no telemóvel parecendo ignorar as palavras que ouvia, o que irritou ainda mais David Lammy. O ministro fez questão de lhe fazer uma questão direta: “Pergunto ao representante russo, sentado ali ao telemóvel, quantos mais sudaneses terão de ser mortos, quantas mais mulheres terão de ser violadas, quantas crianças terão de continuar sem comida antes de a Rússia agir?”
Na resposta, o diplomata russo acusou Londres de mostrar uma mentalidade colonialista e de ser por isso que está a perder influência no mundo. Acusou ainda o Ocidente de estar a intrometer-se nos assuntos internos do Sudão. Para Moscovo é o governo de Cartum quem tem de proteger os civis sudaneses e decidir sobre a ajuda humanitária.