Relatório da UNICEF aponta cenário "sombrio" para as próximas duas décadas.
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"A manterem-se as tendências atuais, 69 milhões de crianças morrerão maioritariamente de causas evitáveis, 167 milhões de crianças viverão na pobreza, e 750 milhões de mulheres terão casado durante a infância até 2030". A conclusão é da UNICEF no relatório anual sobre a Situação Mundial da Infância.
O documento traça um cenário "sombrio" sobre aquilo que espera "as crianças mais pobres do mundo se os governos, os doadores, as empresas e as organizações internacionais não acelerarem esforços para responder às suas necessidades".
Anthony Lake, diretor executivo da UNICEF diz que o mundo é hoje injusto para milhões de crianças, com enormes desigualdades. O relatório mostra contudo progressos significativos na sobrevivência das crianças, na educação e na luta contra a pobreza.
No entanto, estes progressos não foram iguais em todos os países. Na comparação com as mais ricas, as crianças mais pobres têm duas vezes mais probabilidades de morrer antes dos cinco anos e de sofrer de subnutrição crónica.
A situação é mais grave, sobretudo, no sul da Ásia e na África Subsariana, com as crianças filhas de mães não escolarizadas a terem três vezes mais probabilidades de morrerem antes dos 5 anos do que as crianças de mães que frequentaram o ensino secundário.
Na África Subsariana registam-se mesmo 247 milhões de crianças sem aquilo que necessitam para sobreviverem ou se desenvolverem, estimando-se que seja aqui que se vão registar quase todas as mortas evitáveis nos próximos 25 anos.
Pobreza atinge 25% das crianças portuguesas
Com uma taxa de risco de pobreza a rondar os 25%, o estudo mostra ainda que Portugal é o quarto país europeu onde este número é mais elevado.
E tal como na grande maioria dos países europeus, a taxa de risco de pobreza em Portugal é bastante mais elevada nas crianças do que nos adultos.
O relatório da UNICEF revela também alguns números em que Portugal se destaca pela positiva: o país tem hoje a terceira taxa de mortalidade mais baixa do mundo em crianças abaixo de 1 ano de idade.