Quase um milhão de deslocados por causa do conflito na República Centro-Africana (vídeos)
O conflito na República Centro Africana já provocou cerca de um milhão de deslocados, metade dos quais na capital, Bangui, estimou hoje a ONU, que alerta para a «dramática» situação humanitária no país.
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Segundo o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Babar Baloch, «o número de pessoas deslocadas dentro do país já ultrapassou 935 mil», em resultado do conflito que matou mais de mil pessoas apenas no mês passado.
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«Algumas das 512.672 pessoas estão atualmente abrigadas em 67 locais na capital, Bangui, ou vivem em casas de famílias. Isso representa mais de metade da população total de Bangui. Cerca de 60 por cento dos deslocados são crianças», resumiu o porta-voz do ACNUR em declarações hoje aos jornalistas.
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O responsável disse que o clima de insegurança derivado dos ataques contra civis e os saques na República Centro Africana está a tornar cada vez mais difícil o trabalho de ajuda humanitária, especialmente àqueles com necessidades urgentes.
Em Bangui, os combates entre o grupo Séléka, com origem na minoria muçulmana, e as milícias de autodefesa cristãs denominadas como 'Anti-balaka' provocaram mais de 500 vítimas mortais desde o passado dia 05 de dezembro.
Com 4,5 milhões de habitantes, a República Centro Africana, um país pobre mas rico em recursos, mergulhou no caos desde o golpe de Estado de março passado organizado pela coligação rebelde Séléka que afastou do poder o Presidente François Bozizé.
A onda de violência na capital centro-africana começou quando as milícias 'Anti-balaka', partidárias de Bozizé, lançaram uma ofensiva com artilharia pesada.
O exército respondeu aos ataques com o apoio dos membros do grupo Séléka, que derrubaram Bozizé e declararam o líder do movimento, Michel Djotodia, como o novo Presidente do país.
Um total de 1.600 soldados franceses e cerca de 4.000 soldados de paz africanos estão a tentar restabelecer a ordem e restaurar a segurança na antiga colónia francesa.
Na semana passada, o número de pessoas amontoadas em torno do aeroporto de Bangui em busca de segurança duplicou para 100 mil, disse Babar Baloch, que afirma ser «essencial maior segurança para os trabalhadores humanitários poderem alcançar os deslocados».
Para Babar Baloch, é preciso «mais tropas e uma coordenação operacional eficaz».
Desde março passado, um total de 75 mil cidadãos da República Centro-africana fugiram para a República Democrática do Congo, República do Congo, Chade e Camarões, onde se estima que o número global de refugiados seja de 240 mil.