Quem mandou matar Marielle? "Com Lula eleito pode ser mais fácil e tranquilo as investigações seguirem"
Irmã de Marielle Franco tem esperança que a resposta à pergunta "Quem mandou matar Marielle?" esteja mais perto de chegar, em caso de vitória de Lula da Silva. À TSF, Anielle Franco lembra o legado da irmã que ficou para estas eleições, 1689 dias depois de ter sido assassinada a tiro no Rio de Janeiro.
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No meio da praça Mário Lago, na zona do Centro do Rio de Janeiro, uma estátua de uma mulher de punho cerrado no ar chama a atenção. É Marielle Franco, ela que foi assassinada há quatro anos e sete meses e se tornou num símbolo ainda maior da luta pelos direitos das minorias no Brasil.
Se o centro é movimentado durante a semana, ao sábado e domingo parece completamente abandonado. Dá até um certo medo com literalmente tudo fechado e com muito poucas pessoas na rua. Melhor: poucas pessoas a fazer coisas, mas muitas pessoas que vivem na rua e por ali vão permanecendo.
Em 40 minutos, apenas dois homens pararam perto da estátua, Patrick Pacheco e Guilherme Reis, que quando abordados falam com a TSF sobre o abandono desta região da cidade, sobretudo depois dos Jogos Olímpicos, mas também sobre a Marielle e as suas lutas.
"Ela foi uma mulher que sempre lutou pelos direitos sociais de uma sociedade muito injusta, a gente ainda vai ter de lutar muito para conseguir a união", diz Patrick. Guilherme completa dizendo que "ela lutou, sobretudo, a favor de uma sociedade e de uma parcela principalmente marginalizada". "Ela lutava por minorias, esse era o grande foco dela porque ela vinha dessa minoria", lembra.
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Eles seguem caminho e a praça volta a ficar deserta, com duas pessoas em fundo a dormir no chão. O cenário é desolador e comento por mensagem com a irmã da própria Marielle. Ela, que não estando no Rio, lembra à TSF por mensagem áudio, o legado da irmã nesta eleição.
"Acho que é um legado diverso e muito plural, um legado que vai desde a política institucional até coletivos, movimentos, mulheres negras no geral, mulheres que se reconheçam na Marielle, sejam quilombolas ou indígenas, mulheres que lutam e que estão à frente dos seus povos, mulheres que acreditam num país e num lugar melhor... Esse é o principal legado dela!", destaca Anielle Franco que dirige o instituto Marielle Franco e que tem como trabalho principal dar visibilidade e continuidade às causas que a então vereadora do Rio de Janeiro defendia.
E estão essas causas muito à margem desta eleição? "Acho que todos os tópicos estão, uns mais tímidos e outros não. Seja o tópico do aborto, género, raça, são temas que sempre dividem... Direitos humanos, a própria Marielle em si, são tópicos mais tímidos, mas que aparecem vez ou outro, mas mais na campanha do Lula porque o outro nem esse tipo de diálogo tem."
Resta uma pergunta. Depois da eleição, fica mais perto a resposta à pergunta sobre quem mandou matar Marielle? "Acho que sim, é um caminho de conseguir descobrir quem mandou matar a Mari com Lula eleito. Pode ser que seja mais tranquilo e mais fácil de algumas investigações seguirem", comenta Anielle Franco que espera por essa resposta há 1689 dias.
O assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes foi a 14 de março de 2018, Marielle levou, pelo menos, quatro tiros na cabeça, e Anderson, pelo menos, três tiros nas costas.
De acordo com o portal G1, citado pelo Instituto Marielle Franco, "a 12 de março de 2019, em vésperas de se completar um ano do assassinato, ocorre a prisão de Ronnie Lessa e Élcio Vieira de Queiroz". "Força-tarefa afirma que o policial reformado Ronnie Lessa foi o executor de Marielle e Anderson e atirou contra a vereadora, enquanto o ex-militar Élcio Vieira de Queiroz dirigia o carro que perseguiu Marielle". Tanto tempo depois, as investigações ainda prosseguem com uma nuvem de suspeitas de interferências políticas neste caso.
