
Crise política na Bulgária devido à eleição de António Guterres
Brendan McDermid / Reuters
Não gostam os búlgaros que pedem a demissão do primeiro-ministro. Não gostam as mulheres que queriam uma Secretária Geral na ONU.
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Em Portugal festeja-se. Na Bulgária fala-se em vergonha nacional e pede-se a demissão do primeiro ministro.
O chefe do governo de Sofia esqueceu o verniz: acusa Irina Bokova, a diretora da UNESCO de ter sabotado a candidatura de Kristalina Gergieva, a vice presidente da Comissão Europeia. Borisov está convencido de que a primeira búlgara deveria ter desistido a favor da segunda, portanto, se Kristalina foi derrotada, a culpa é de Irina.
Citado pela Agência de Notícias Sofia, o chefe do governo búlgaro garante que não deu nenhum passo em falso. Se alguém falhou não foi ele - só avançou com a candidatura de Gergieva, na reta final da corrida, porque "tinha garantias de apoio de muitos países!".
Em conferência de imprensa, foi pressionado a esclarecer se vai demitir-se, como pedem os opositores. Borisov respondeu que só se demite caso se demitam todos os primeiros ministros que apoiaram candidatos derrotados.
Em polvorosa está também a campanha "Uma mulher a secretária gera da ONU" http://www.womansg.org/. Um grupo criado em 2015, lê-se no site do movimento, formado sobretudo por intelectuais; não só, mas maioritariamente mulheres.
Um dos lemas é que se foram homens os anteriores oito secretários gerais das Nações Unidas, tem de haver uma nona, ou seja, desta vez deve ser uma mulher. Um dos argumentos é que metade da população mundial são mulheres. E desta vez, havia sete candidatas por onde escolher.
Agora que foi escolhido mais um homem, as reações no site do movimento são duras: "é um ultrage, para as mulheres e para a Europa de Leste", "é injusto", "é um desastre para a igualdade de género".
O que mais parece ter indignado as ativistas foi o sorriso masculino do embaixador russo, rodeado pelos sorrisos dos outros 14 embaixadores homens no Conselho de Segurança, ontem, ao anunciar que escolheram outra vez um homem para Secretário Geral.