O pregador radical Abu Qatada foi hoje expulso do Reino Unido, pondo fim a uma batalha legal de uma década, e chegou à Jordânia, onde vai ser julgado por terrorismo.
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Detido pela primeira vez em 2002, Qatada, em tempos considerado o "braço direito" de Usama Bin Laden na Europa, passou desde então a maior parte do tempo detido, sem nunca ter sido formalmente acusado.
À chegada ao aeroporto militar Marka em Amã, foi entregue a procuradores jordanos para ser interrogado, uma vez que a justiça jordana quer repetir o julgamento em que foi condenado, à revelia, a prisão perpétua.
O ministro da Informação, Mohammad Momani, disse à agência jordana Petra que o julgamento do radical vai "respeitar os critérios internacionais, proteger os direitos (do acusado) e garantir justiça, equidade, credibilidade e transparência".
Abu Qatada, 53 anos, foi condenado à morte em 1999 pela participação na preparação de atentados, designadamente um ataque à Escola Americana de Amã, mas a sentença foi comutada para prisão perpétua com trabalhos forçados.
Em 2000, num outro julgamento à revelia, foi condenado a 15 anos de prisão por ter conspirado com terceiros para cometer atentados terroristas contra turistas nas celebrações do milénio na Jordânia.
De acordo com a lei jordana, quem é julgado à revelia tem direito a ser novamente julgado presencialmente.
O Reino Unido travava há uma década uma batalha legal para expulsar o clérigo radical, o que se tornou possível depois de os dois países assinarem, em junho, um Tratado de Assistência Legal Mútua em Processos Criminais que garante que não serão usadas em tribunal provas obtidas através de tortura.
A hipótese de Qatada não ter um julgamento justo na Jordânia foi aliás o principal fundamento das várias decisões judiciais, britânicas e europeias, contra a sua extradição.
«Fiquei extremamente satisfeito. É algo que o governo disse que se ia resolver e resolveu», disse o primeiro-ministro britânico, David Cameron, à imprensa.
A mulher e os cinco filhos de Abu Qatada, que, como ele, obtiveram o estatuto de refugiados em 1993, devem permanecer no Reino Unido.