O líder do PP mostrou-se surpreendido "pelo entusiasmo" do partido de Albert Rivera em dar a chefia do governo ao líder do PSOE, Pedro Sánchez.
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O chefe do governo espanhol cessante criticou esta quarta-feira o acordo entre os partidos Socialista Operário Espanhol (PSOE) e Cidadãos por não "ser de investidura, nem de governo", nem abordar os problemas dos espanhóis, como o desemprego.
"Pode falar-se de tudo, mas (estes) não são os problemas de Espanha", considerou Mariano Rajoy, destacando que o acordo entre os dois partidos foca-se principalmente em reformas na organização do território.
Em entrevista à Antena 3, Rajoy insistiu que o acordo entre o PSOE e Cidadãos "não é de investidura" porque não conta com votos suficientes para isso, e não é de governo por se limitar a falar de "cinco coisas aqui e três acolá".
O chefe do governo espanhol afirmou que este acordo deixa claro que Rivera já tomou partido a favor de Sánchez, apesar de, com este pacto, não ser possível fazer as reformas constitucionais planeadas pelo Cidadãos.
"Alguns qualificam-no de acordo de salão ou publicitário. Eu digo que não é de investidura, nem de governo", insistiu Rajoy, considerando não "parecer razoável" que o partido de Albert Rivera esteja num pacto entre o PSOE e o Podemos.
Rajoy sublinhou que, caso Sánchez não consiga ser chefe do executivo, vai tentar governar com o acordo que apresentou no dia seguinte às eleições, com o PSOE e o Cidadãos.
Se Sánchez não tomar posse e não aceitar que o partido mais votado nas legislativas - o PP - governe, será necessário voltar às urnas, cabendo ao líder socialista explicar a repetição de eleições, afirmou.
Mariano Rajoy pediu a Rivera que esclareça a sua posição sobre cinco pontos essenciais para o PP: crescimento económico e emprego, estado previdência, defesa da unidade de Espanha, luta contra o terrorismo e luta contra a corrupção.
"Não posso aceitar que não se fale de emprego, de competitividade, da economia. Pode falar-se de tudo, mas não são os problemas dos espanhóis. Parece-me pouco sério", disse.
Rajoy criticou também que o acordo não inclua a questão do desafio independentista da Catalunha (nordeste de Espanha).
O PP, no poder desde 2011, votará contra a investidura de Sánchez porque não vai apoiar um governo cujo programa "é liquidar" tudo o que foi feito nos quatro anos anteriores, disse Rajoy.
No início do mês, Pedro Sánchez foi incumbido pelo rei de Espanha de formar um governo, depois de o adversário de direita e chefe do executivo cessante Mariano Rajoy ter renunciado, por falta de apoio no parlamento, apesar de ter sido o vencedor das legislativas com 28,7% dos votos, à frente do PSOE (22%) e Podemos.
Todos os outros grandes partidos (socialistas, centristas e Podemos) recusam deixar o PP governar, devido aos vários escândalos de corrupção, e prometeram impedir, com os seus votos, a investidura de Rajoy.