Ramalho Eanes: UE deve respeitar vontade democrática da Grécia e dialogar sem preconceito
O antigo Presidente da República defendeu hoje à agência Lusa que a União Europeia tem de respeitar «a vontade democrática da população» grega e deve dialogar sem preconceito com o novo Governo de Atenas.
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As posições de Ramalho Eanes foram assumidas à margem de uma conferência sobre «Portugal no 1.º Quartel do Século XXI - Estratégias Rumo ao Futuro», na fundação Calouste Gulbenkian.
O antigo chefe de Estado não quis comentar as posições recentes do Governo português, mas sublinhou que é preciso «respeitar as convicções» do executivo liderado por Alexis Tsipras nas negociações com as instituições europeias.
«Em relação à Grécia houve uma manifestação da vontade democrática da população, há um Governo que expressa essa vontade democrática, há que respeitar essa democracia e há que ter com a Grécia um diálogo que não seja um diálogo de preconceito», afirmou o general.
Ramalho Eanes considerou ainda que «o sobressalto» nas negociações com Bruxelas se deve à falta de clareza na análise do programa de austeridade grego, «vendo aquilo que esteve mal e é necessário emendar" e "vendo aquilo que se aplicou e é necessário manter».
«Não creio que esse trabalho tenha sido feito dessa maneira e isso é naturalmente prejudicial», disse.
«A Europa para se poder unificar e ser uma potência tranquila no contexto mundial tem de olhar para si e para aquelas que são as suas necessidades políticas, sociais e económicas de uma maneira clara e solidária», acrescentou António Ramalho Eanes.