Rede elétrica espanhola sofreu falha de energia "19 segundos antes" do apagão total
O Governo revelou que foram três as perturbações ocorridas na rede elétrica antes do colapso do sistema
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A investigação preliminar ao apagão detetou um terceiro incidente, 19 segundos antes dos dois que já tinham sido detetados no dia do apagão. A informação foi divulgada pela ministra de Transição Ecológica, Sara Aegesen, numa entrevista ao programa “La Hora de la 1”, na televisão pública espanhola, que disse não se saber ainda se os três eventos estão relacionados.
“Dezanove segundos antes [do apagão] houve uma perda de geração [de energia]. Portanto, outra perturbação que se soma às duas já conhecidas. Temos de ver se há relação entre elas, qual foi a causa dessa perda de geração e porque é que o sistema não o conseguiu amortecer”, explicou Aegesen.
Até esta segunda-feira, sabia-se que dois incidentes no espaço de cinco segundos provocaram o colapso do sistema. “Em cinco segundos”, explicou o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, logo na segunda-feira passada. "Desapareceram 15 gigawatts de forma súbita, o que equivale a 60% da energia nesse momento", referiu. O sistema energético espanhol colapsou e arrastou Portugal com ele.
A ministra explicou que “perante essa primeira oscilação”, 19 segundos antes do apagão, “o sistema reagiu da forma esperada e aguentou”. Na seguinte oscilação, “já não foi capaz de voltar às condições normais de funcionamento do sistema” e, na terceira, “já foi incapaz de recuperar e tivemos a perda da interconexão em cascata e aos cinco segundos a perda total, esse zero a nível nacional”.
As causas continuam a ser desconhecidas e, apesar da Rede Elétrica de Espanha ter descartado sempre a hipótese do ciberataque, o Governo garante que continua a investigar todas as frentes, entre elas “o ciberataque e os sistemas digitais”.
O Executivo quer respostas o mais brevemente possível, mas a ministra frisa que “estamos a falar de mais de 750 milhões de dados, cada 20 milissegundos, que têm de ser analisados” e que, por isso, é necessário algum tempo, sem conseguir estimar quanto. “Temos um comité de análise, onde estamos a caracterizar todo o sistema, a identificar situações atípicas que possam ter ocorrido nesse dia, para identificar a causa e tomar as medidas necessárias para que não volte a acontecer”, explicou.
Esta tarde, a ministra volta a reunir-se com o comité de análise para conhecer os últimos resultados da investigação preliminar.
