Damasco rejeitou o novo plano árabe que prevê a saída do poder do presidente Bashar al-Assad, no dia em que a União Europeia adoptou novas sanções contra figuras e organizações sírias.
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O regime sírio rejeitou, esta segunda-feira, o plano da Liga Árabe, considerando-o «uma ingerência flagrante nas questões internas» no país, segundo um responsável citado pela televisão oficial, informa a agência Lusa. «A Síria rejeita as decisões tomadas fora do plano de trabalho árabe e considera que estas afetam a soberania» do país, declarou o responsável.
Por outro lado, a União Europeia adoptou novas sanções que atingem mais 22 figuras ligadas ao aparelho de segurança e oito organizações sírias. «A mensagem enviada pela União Europeia é clara: a repressão deve cessar de imediato», afirmou a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton.
O plano da Liga Árabe apela a Assad para delegar poderes no vice-presidente para trabalhar com um governo de unidade a ser formado dentro de dois meses. De acordo com um comunicado lido no domingo à noite pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar, após uma reunião de cinco horas no Cairo, este novo governo deve ser «presidido por uma figura consensual» e «a missão será aplicar o plano árabe e preparar eleições legislativas e presidenciais pluralistas e livres».
A Liga pede ao governo e a todas as correntes da oposição para «encetarem um diálogo sério num período que não ultrapasse as duas semanas» para formar o referido governo de unidade. «Se a iniciativa não for posta em prática, vamos recorrer ao Conselho de Segurança da ONU», advertiu Hamad ben Jassem ben Jabr al-Thani, reclamando «o fim de qualquer forma de violência» e a libertação de detidos.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar precisou ainda que a Liga vai informar a ONU do conjunto das resoluções tendo em vista a aprovação. Já o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil el-Arabi, explicou que o pedido de apoio da ONU pretende «dar mais peso» à iniciativa árabe.
Também hoje, a Liga Árabe decidiu prolongar a missão de observação no país, apesar das críticas sobre a sua incapacidade de travar a violência.
Os observadores chegaram à Síria a 26 de Dezembro depois de Damasco ter assinado um protocolo que previa o fim da violência, a retirada dos tanques das cidades e a livre circulação de jornalistas e observadores estrangeiros. Nenhuma destas cláusulas foi respeitada. Segundo a ONU, mais de 5.400 pessoas foram mortas em 10 meses de revolta e de repressão.