Documento interno da empresa revela que a rede social prefere manter o "debate aberto" em vez de retirar comentários ou pedidos de morte a celebridades, políticos, desportistas ou outras figuras públicas.
Corpo do artigo
As publicações onde é pedida a pena de morte a figuras públicas não são retiradas do Facebook, desde que as pessoas em causa não saibam que estão a ser alvo de comentários de ódio, revela um documento interno da empresa divulgado pelo The Guardian.
O jornal britânico teve acesso às diretivas que os moderadores de conteúdo devem aplicar quando são confrontados com determinadas situações. São 300 páginas de regras, exemplos e justificações e muitas delas giram à volta das figuras públicas.
O documento onde estão expostas as regras sobre assédio moral e perseguição permite explicitamente que "se peça a morte" de figuras públicas porque "o Facebook quer permitir o debate aberto, algo que muitas vezes inclui comentários críticos de pessoas que são protagonistas nas notícias".
O The Guardian explica que o documento a que teve acesso foi revisto em dezembro de 2020 e apresenta a justificação dada aos moderadores da rede social. Os cidadãos anónimos "não podem ser alvos de ameaças de morte", já com as figuras públicas é diferente. Estes "só não podem ser expostos a essas ameaças, concluindo-se que é legítimo pedir o enforcamento de uma pessoa conhecida desde que essa pessoa não seja identificada na publicação.
Na mesma lógica, é removido conteúdo que "celebre, elogie, ou goze com a morte de uma figura pública" se ela for exposta a ele. Ou seja, se o visado não souber os moderadores não devem apagar esses conteúdos.
Já quanto aos cidadãos anónimos, explica o documento "a proteção vai ainda mais longe", uma vez que "tem de ser removido todo conteúdo que desacredite ou envergonhe algum cidadão anónimo, por exemplo, com comentários sobre os seus comportamentos sexuais".
O Facebook considera uma figura pública todas as pessoas minimamente conhecidas, pessoas com mais de 100 mil seguidores, políticos ou jornalistas.
Mas aparecer nas notícias também conta para se ser figura pública e estar sujeito a todo o tipo de abusos nesta rede social. O documento de 300 páginas aponta que as pessoas que são mencionadas no título, subtítulo, ou abertura das notícias em cinco ou mais artigos nos últimos dois anos também são figuras públicas". Crianças com menos de 13 anos, nunca entram para essa lista.
A TSF já pediu uma reação a esta notícia por parte do Facebook em Portugal e ainda espera uma resposta.