Os anúncios foram feitos pelos respetivos governos
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O Reino Unido, o Canadá e a Austrália reconheceram este domingo o Estado da Palestina, anunciaram os respetivos governos.
“O Canadá reconhece o Estado da Palestina e oferece a sua parceria na construção da promessa de um futuro pacífico tanto para o Estado da Palestina como para o Estado de Israel”, anunciou, num comunicado, o primeiro-ministro canadiano, Mark Carney.
O Governo canadiano admitiu não ter ilusões de que este passo "é uma panaceia", mas afirmou-se "firmemente alinhado com os princípios de autodeterminação e direitos humanos fundamentais refletidos na Carta das Nações Unidas e com a política consistente do Canadá há gerações".
O reconhecimento do Estado da Palestina, liderado pela Autoridade Palestiniana, fortalece aqueles que buscam a coexistência pacífica e o fim do Hamas", defendeu Carney, para quem esta decisão "não legitima de forma alguma o terrorismo, nem é uma recompensa por ele" - respondendo assim a críticas do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
O primeiro-ministro canadiano recordou que a Autoridade Palestiniana -- atualmente no poder em partes da Cisjordânia -- "assumiu compromissos diretos com o Canadá e a comunidade internacional sobre reformas muito necessárias, incluindo a reforma fundamental da sua governação, a realização de eleições gerais em 2026 nas quais o Hamas não possa participar e a desmilitarização do Estado palestiniano".
Por outro lado, apelou à libertação dos reféns do ataque de 7 de outubro de 2023 pelo Hamas -- cerca de 50 permanecem ainda no enclave palestiniano, estimando-se que perto de 20 estejam vivos -- e ao desarmamento do Hamas, que não deverá "desempenhar qualquer papel na futura governação da Palestina".
O líder canadiano frisou ainda que o Governo israelita de direita e extrema-direita, liderado por Benjamin Netanyahu, "está a trabalhar metodicamente para impedir a possibilidade de um Estado palestiniano ser estabelecido", através da expansão de colonatos na Cisjordânia ou do "ataque sustentado em Gaza".
"Agora, a política declarada do atual Governo israelita é que 'não haverá um Estado palestiniano'", criticou.
A decisão deste domingo, acrescentou, "não compromete de forma alguma o apoio inabalável do Canadá ao Estado de Israel, ao seu povo e à sua segurança --- segurança que só pode ser garantida, em última instância, através da concretização de uma solução abrangente de dois Estados".
Quase em simultâneo, a Austrália fez o mesmo anúncio, afirmando reconhecer “as aspirações legítimas e de longa data do povo palestiniano a um Estado próprio”, afirmaram, num comunicado conjunto, o primeiro-ministro, Anthony Albanese, e a ministra dos Negócios Estrangeiros, Penny Wong.
O Governo australiano lembrou que "a comunidade internacional estabeleceu requisitos claros para a Autoridade Palestiniana", cujo Presidente, Mahmud Abbas, "reiterou o reconhecimento do direito de Israel a existir e apresentou garantias diretas à Austrália, incluindo compromissos de realizar eleições democráticas e implementar reformas significativas no financiamento, na governação e na educação".
Para Camberra, a "organização terrorista Hamas não pode ter qualquer papel na Palestina".
"Já está em curso um trabalho crucial em toda a comunidade internacional para desenvolver um plano de paz credível que permita a reconstrução de Gaza, fortaleça a capacidade do Estado da Palestina e garanta a segurança de Israel", sublinhou o Governo australiano.
Uma tarefa para a qual, sublinhou, "a liderança dos países da Liga Árabe e dos Estados Unidos é vital".
Logo a seguir, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou: "Hoje, para reavivar a esperança de paz e uma solução de dois Estados, declaro que o Reino Unido reconhece formalmente o Estado da Palestina."
"Perante o crescente horror no Médio Oriente, agimos para manter viva a possibilidade da paz e de uma solução de dois Estados. Isto significa um Israel seguro e protegido ao lado de um Estado palestiniano viável", afirmou o chefe do Governo britânico.
Starmer negou que esta decisão seja "uma recompensa" para o movimento islamita palestiniano Hamas, como tem argumentado o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
"O Hamas é uma organização terrorista brutal. O nosso apelo por uma solução genuína de dois Estados é exatamente o oposto da sua visão odiosa", defendeu, sublinhando que o Hamas "não pode ter futuro" nem qualquer "papel no governo ou na segurança" de um Estado da Palestina.
Ainda este domingo Portugal tomará a mesma posição, esperando-se uma declaração do ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, ao final do dia, em Nova Iorque.
França também reconhecerá o Estado palestiniano durante a conferência desta segunda-feira.
Outros países que deverão fazê-lo são Bélgica, Malta, Luxemburgo (todos da União Europeia), Andorra e São Marino.
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