Os seis países fundadores da União Europeia, reunidos hoje em Berlim, defendem que o Reino Unido deve invocar o artigo 50 do Tratado de Lisboa "assim que possível para evitar um impasse prolongado".
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O ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Frank-Walter Steinmeier, anfitrião em Berlim da reunião ao nível dos chefes da diplomacia dos seis países fundadores da União, afirmou que este conjunto de países concorda que Londres não deve demorar a iniciar os procedimentos de saída da União Europeia.
"Estamos unidos na afirmação de que este processo deve iniciar-se tão depressa quanto possível, para que não nos vejamos num limbo prolongado e possamos focar-nos e trabalhar no futuro da Europa", afirmou Steinmeier.
O ministro luxemburguês acrescentou que o Reino Unido não pode "jogar ao gato e ao rato" atrasando as negociações com a UE e causando uma enorme insegurança nos mercados.
O ministro francês, Jean-Marc Ayrault, afirmou, pelo seu lado, ser urgente que o primeiro-ministro britânico, David Cameron, que na passada sexta-feira disse que se demitirá em outubro, abra o caminho para uma nova liderança que conduza a transição para a saída do Reino Unido da União. "Deve ser designado um primeiro-ministro, isso demora alguns dias", afirmou aos jornalistas.
Ao anunciar a sua resignação, Cameron afirmou que deverá ser o seu sucessor a liderar as negociações ao abrigo do artigo 50º do Tratado de Lisboa, que estabelece um prazo de dois anos para o processo de saída.
Steinmeier, Ayrault, o holandês Bert Koenders, o italiano Paolo Gentiloni, o belga Didier Reynders e o luxemburguês Jean Asselborn defenderam, no entanto, que esse tempo deve ser reduzido.
"Compreendemos e respeitamos o resultado [do referendo] e percebemos que o Reino Unido está agora concentrado em si mesmo", afirmou Steinmeier ao lado dos seus homólogos. "Mas Londres tem responsabilidades que vão para além do Reino Unido. Nós devemos poder agora focar-nos no futuro da Europa e isso significa que, depois da decisão de saída tomada no Reino Unido, o processo relativo a essas negociações deve começar", acrescentou.
Numa entrevista ao jornal alemão Bild, o presidente da Comissão Europeia defendeu também que a saída do Reino Unido deve acontecer o mais cedo possível. "Os tratados europeus são claros nesta matéria. O artigo 50 prevê os termos de saída da União Europeia e também aqui não pode haver renegociação. Primeiro trata-se de uma matéria para um divórcio limpo porque os cidadãos e as empresas precisam de certeza legal", afirmou Jean-Claude Junker.
Antes da reunião, o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão tinha sublinhado uma ideia: "não vamos deixar que ninguém nos tire a Europa".